29 de jun. de 2007

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS.


'Não consigo sentir raiva dele', diz professora que teve dedo decepado.

Estudante de dez anos prendeu dedo da educadora na porta.

‘Ele tem problemas sérios de agressividade’, diz ela.

Carolina Iskandarian Do G1, em São Paulo.




Ainda traumatizada por ter parte do dedo decepado por um aluno de dez anos, a professora da 4ª série do ensino fundamental Eunice Martins dos Santos, de 47 anos, procura entender o que aconteceu. "Não consigo sentir raiva dele."

No fim da tarde de quarta-feira (27), ela teve a mão direita prensada em uma porta e perdeu a ponta do dedo indicador na escola municipal onde dá aula, em São Bernardo do Campo, no ABC. A educadora vai procurar um especialista nesta sexta-feira (29) para saber se conseguirá fazer um enxerto.

“Eu não esperava por nada disso. Ele bateu a porta com força e vi o pedaço do meu dedo no chão”, disse ela. Eunice contou que foi agredida porque correu atrás do aluno, que se escondeu no banheiro após o intervalo.

Segundo ela, o menino não quis voltar para a sala de aula e a professora resolveu conversar com ele. Antes, o garoto teria empurrado vários alunos que seguiam para suas salas. “Ele entrou na cabine (do banheiro) e consegui empurrar um pouco a porta, mas depois ele bateu com força”.

Eunice informou que decidiu denunciar o fato porque não acha justo que os profissionais de ensino sejam vítimas de agressões dentro da escola. “Acho que é hora de darmos um basta nisso. Espero que a lei me ampare”. Mas não foi isso que ela ouviu da polícia.

Quando foi à delegacia registrar o boletim de ocorrência, teria ouvido do delegado que, como o menino é menor de idade, não haveria culpados. “Nem a mãe dele. Então eu sou a culpada?”, questionou. Eunice disse que o garoto nem é aluno dela. Ele fica na sala ao lado e, desde que entrou na escola, há três anos, apresenta problemas de disciplina.

Ele tem problemas sérios de agressividade. Bate nos colegas, atira a carteira (contra as pessoas). Outro dia, deu uma cabeçada no nariz da vice-diretora, que ficou com o rosto ensangüentado”, relatou a professora, que trabalha na profissão há 28 anos, 12 deles na escola que fica em uma favela na periferia de São Bernardo.

De acordo com Eunice, o aluno deveria ter acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Por causa da agressão, ela está de licença médica por 15 dias.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho isso que acontece hoje nas escolas um absurdo, o professor não é mais respeitado dentro da sala de aula nem fora, é um palhaço que obedece a superiores, tornando as escolas numa violencia geral. É preciso tomar de alguma maneira soluções para o problema, sou professora e vejo isso acontecer todos os dias, sendo que o culpado é sempre o professor, não há punições pois são sempre menores de idade . Agora eu pergunto o que fazer?