27 de jun. de 2010

56% DOS COLOMBIANOS NÃO VOTARAM

ENTRE OS QUAIS ALFONSO CANO E OS GUERRILHEIROS DAS FARC-EP

O novo governo que chama à "Unidade Nacional" porque sabe que os votos fictícios resultados da política de "um milhão de sapos" (informantes), das moto-serras dos paramilitares das "Águias Negras", "Famílias em Ação" e dos guarda-bosques, dos "falsos positivos" (assassinatos de civis travestidos de guerrilheiros abatidos em combate), como sua cumplicidade com a justiça eleitoral para fazer aparecer números inflados, não foram atingidos como esperavam e cada vez mais está deslegitimada a "democracia" colombiana. Não restou outra alternativa a Santos a não ser convocar-se entre eles mesmos, algo parecido como uma Frente Nacional da época da ditadura do general Rojas Pinilla. Isto porque precisam de todo o aparato do Estado para combater cerca de 17 milhões de cidadãos que não estão de acordo com o Estado narcoparamilitar construído durante estes 8 anos de governo de Uribe.

O mais triste continua sendo o discurso guerreirista de Juan Manuelito. Como se sente apoiado pelas 7 bases ianques que trouxeram para defender sua administração e desestabilizar os governos verdadeiramente progressitas na América Latina, se jacta em dizer que "o tempo das FARC acabou", da mesma forma que disse Uribe há 8 anos e todos os governos em 46 anos.

 
Se não há diálogo, como ameaça quem vai ser presidente dos colombianos, a resistência se agudiza. Hoje os colombianos devemos empreender a rota emancipadora pela definitiva independência. Cada homem, mulher, criança, ancião devemos desempenhar um papel decisivo para encurralar o novo títere dos norte-americanos, Juan Manuel Santos, que já vemos desgastado com um discurso que não convence a não ser a sua família e aos traidores, como seu vice-presidente, o ex-esquerdista e oportunista Angelino Garzón.

Os quatro anos do período presidencial 2010-2014 acarretarão consigo uma forte ofensiva popular, boicotando as bases militares gringas, organizando as mobilizações, preparando a insurreição. Esta será uma administração nervosa porque das milhões de pessoas que não votaram, que votaram em branco ou anularam seus votos, aí estão os que se somarão à resistência. Santos se cuidará, inclusive, de quem lhe servir café porque este governo que culmina e do qual foi partícipe, deixou mais inimigos do que amigos.

Santos prometeu intensificar a guerra e a resposta será a guerra de todo o povo. Assim, deste modo, junto com o povo insurreto das FARC-EP se esboça a plataforma de 10 pontos que estabelece o Governo de Reconciliação Nacional que propôs as FARC durante anos, cuja proposta evidencia uma verdadeira vocação de paz.

A oligarquia vende-pátria santanderista (seguidora do general Santander, traidor de Bolívar) continua expressando sua condição fascista. As promessas de Santos são o manual elaborado em Washington para calar os magistrados do judiciário; são também a negociação entre cúpulas de partidos decadentes para acabar de se impor aos congressistas que, até a estas alturas, não se sabe qual é a formação do parlamento, graças aos malabarismos fraudulentos das eleições passadas. Para continuar apostando na impunidade perante os crimes de lesa-humanidade cometidos por agentes da força pública.

Santos é um delinquente procurado pela Justiça Equatoriana, que se fez presidente para obter imunidade. Este ser sádico cuja expressão facial reflete maldade (chucky, o brinquedo assassino), recorre ao agradecimento a Uribe porque este abriu a porta ao mundo das máfias que ele não havia conseguido por si mesmo, colocando-o como o segundo no comando de suas tropas paramilitares, inclusive acobertando-lhe a ação terrorista de Sucumbios (ataque ao Equador em 1 de março de 2008), que em seguida Uribe, como cachorro com o rabo entre as pernas, teve que dar a cara na República Dominicana.

Não restam dúvidas, o governo que se avizinha merece que o povo tome uma decisão para:

Enfrentar com audácia a continuidade do fascismo;
Retirar as bases militares gringas de nosso território;
Denunciar a ilegitimidade do Congresso e do Governo;
Fazer com que o governo Santos seja o mais curto da Colômbia, não o deixando governar.

Então, assim, com o pensamento e o exemplo de homens como Bolívar e Manuel Marulanda, vamos construindo o novo poder. Somente na luta decidida estamos abrindo caminhos para a nova alvorada. 200 anos desde a revolta comuneira passando pelo grito de independência, estamos fazendo história para fazer a Nova Colômbia.

Recentemente proclamada a espalhafatosa "vitória" eleitoral do homem cujo sorriso faz lembrar o palhaço publicitário da Mac Donald’s, os cerebrados magos intelectuais da análise política sairam para cultuar seu novo presidente Santos, que de "santo" só tem o sobrenome, já que pelo resto o diabo ficou pequeno diante das atrocidades criminosas na confraria narco-mafiosa, com Álvaro Uribe na cabeça.

Transcrito de El Samaritano/Partido Comunista Clandestino Colombiano - PCCC ABP 06/23/10

FONTE: PCB

A guerra secreta contra a Bolívia

Fortunato Esquivel

 No princípio do mês, o presidente Evo Morales voltou a denunciar a Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) e a acusá-la de infiltrar-se nos movimentos sociais, com a finalidade de provocar conflitos ao governo e desestabilizá-lo. Além disso, o presidente advertiu que aqueles que persistirem nessas atividades, serão expulsos do país.

Tarefa impossível para Morales. A USAID jamais será moderada. Ela é uma entidade que faz parte do plano de domínio de exercício do imperialismo norte-americano na América Latina, África e Ásia. É parte da engrenagem de uma elaborada estratégia do capital monopólico destinado a cooperar no incremento dos interesses do império.

Esta maquinaria foi montada depois da segunda guerra mundial e está constituída pela USAID, Aliança para o Progresso (CIAP), substituída logo pela Fundação Interamericana (IAF), pelo Banco de Importações e Exportações (Eximbank), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Internacional de Reconstrução e Fomento ou Banco Mundial (BM), Organização para o Fomento de Inversões na América Latina (Adela) e seus outros braços financeiros.

A USAID iniciou suas atividades sob o governo de Harry S. Truman, em 1946, e desde então, distribuiu mais de 200 mil milhões de dólares em “ajudas” militares e econômicas aos países onde exerce seu domínio, protegendo seus interesses. Quanto a Bolívia deve a este órgão? Este é um dado que devemos conhecer.

A USAID utiliza, pelos menos, quatro tipos de programas. São eles: Empréstimos para o Desenvolvimento, Programas de Ajuda Técnica, Fundos para Emergências e o Programa de Apoio Militar-Político. Este último é parte de um vasto aparato de espionagem e intervenção norte-americana.

O Programa de Apoio Militar-Político é a razão de sua existência, pois está destinado a frear e destruir os movimentos revolucionários na América Latina. Para ele, foi elaborado um manual repressivo confidencial, revelado na Bolívia pelo desaparecido jornal “Hoy”, em sua edição de 23 de novembro de 1978.

A USAID atua de maneira direta entre a agência e o governo do país onde atua e, de maneira indireta, através das empresas monopólicas, seguindo objetivos econômico-políticos prefixados. Este órgão disponibiliza dinheiro para os investidores ianques. Investe diretamente para alcançar influência.

O pedido de moderação feito pelo presidente Morales, não será cumprido nunca, pois a USAID foi organizada para isso: para conspirar e derrubar governos revolucionários. Agora terá mais ajuda, pois o Presidente Barack Obama acaba de aprovar novos programas de “guerra secreta” e “operações especiais” a nível mundial. Bolívia e Venezuela se encontram na mira.

Obama é pior que Bush.

Uma investigação publicada pelo periódico Washington Post, assinala que Barack Obama acaba de autorizar a expansão da guerra secreta contra grupos radicais, aumentando o orçamento necessário.

De acordo com o Post, as operações especiais se realizam em 75 países, com a assistência de 13 mil efetivos militares e civis, especialistas em operações de inteligência, guerra psicológica, assassinato seletivo, missões de treinamento, ações clandestinas e outros.

A jornalista venezuelana-norte-americana, Eva Golinger, aponta em um dos recentes artigos, que o investigador Jeremy Scahill descobriu que a administração de Barack Obama enviou equipes-elite de forças especiais, sob o Comando de Operações Especiais Conjuntas, ao Irã, à Geórgia, à Ucrânia e, também, à Bolívia, Paraguai, Equador e Peru.

O chanceler Choquehuanca negocia a reabertura das relações diplomáticas com os Estados Unidos. No entanto, como se pode comprovar, nem o governo de Obama e nem a USAID modificarão suas políticas. Nessas condições, não seria melhor adiar a criação de uma embaixada dos Estados Unidos na Bolívia?

Os planos norte-americanos para desestabilizar governos existem em vários lugares. Já estão prontos. Washington só espera o momento para ativá-los. O artigo de Golinger faz referência a um alto militar do Pentágono, que afirmou que Obama está permitindo muitas das ações, estratégias e operações que não foram autorizadas durante George W. Bush.

Mais dinheiro para desestabilizar.

Haverá dinheiro de sobra para conspirar e financiar os órgãos, tais como “La Torre”, em nosso país. Há dois anos, quase derrubaram Morales com um levante, na época denominado de “golpe cívico-provincial”, coordenado pelo então embaixador Philip Goldberg, oportunamente expulso.

Obama acabou de solicitar um aumento de 5,7% destinado ao orçamento das Operações Especiais do ano de 2011. Pediu US$ 6,3 mil milhões de dólares, além dos US$ 3,5 mil milhões adicionais, para as operações clandestinas de contingência. Para 2011, o total do orçamento para defesa chega a US$ 872 mil milhões de dólares, sendo US$ 75 mil milhões para a comunidade de inteligência. Dinheiro existe de sobra.

Ao começar o ano de 2009, o Presidente Obama assinou a “Doutrina de Guerra Irregular”, priorizando-a sobre a guerra convencional. Na “Guerra Irregular", o campo de batalha não possui limites, pois as táticas e estratégias não são tradicionais. A subversão e o uso de forças especiais para operações clandestinas são as principais técnicas para desestabilizar o adversário “de dentro para fora”.

Para realizar estas tarefas, as agências como USAID, a National Endowment for Democracy (NED) e a Freedom House, servirão para canalizar dinheiro em prol dos atores que se promovem em Washington. A “sociedade civil” e os movimentos sociais são penetrados nos países onde, supostamente, os interesses imperiais podem ser afetados.

Golinger diz em seu artigo que uma fonte das forças especiais norte-americanas comentou: “já não temos que trabalhar nas embaixadas e nem temos que coordenar com o Departamento de Estado. Podemos operar onde queremos”.

Este ano, a Venezuela está a ponto de ser classificada como “Estado terrorista”, porém Washington a tirou da lista para não prejudicar a venda de petróleo aos Estados Unidos. Não é de se espantar que estejam surgindo acusações sobre a Bolívia nos setores opositores. Tais acusações se referem a um pretenso aumento do narcotráfico. O governo também tem que levar em conta esses porta-vozes do imperialismo, cujo objetivo é promover uma mudança no regime.

Guerra avisada, não mata mouros, diz o refrão. Contudo, é necessário estar preparado ante as ações que são efetivadas pelas ONG's da USAID. No próximo ano terão mais orçamento para corromper aqueles que sempre estão dispostos a vender-se.

Mais informações: http://alainet.org


Agência Latino-americana de Informação
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Tradução: Maria Fernanda M. Scelza


26 de jun. de 2010

A condenação do Cristo marxista

Nas páginas do “Evangelho segundo Jesus Cristo", a grande heresia não está no fato de o personagem pedir perdão pelos pecados de Deus. O que o Vaticano não pode perdoar é a denúncia corajosa a um cristianismo imperial e colonialista.

Que estranhos desígnios inspiraram o "L'Osservatore Romano" a atacar,em editorial, o escritor José Saramago, falecido recentemente na Espanha? Chamá-lo de populista extremista, que se referia “com comodidade a um Deus no qual jamais acreditou por considerar-se todo poderoso e onisciente”, não revela apenas uma atitude fria e inflexível com um humanista ateu. Vai além. Reforça apreensões em relação aos objetivos políticos do Vaticano e suas consequências éticas.

Se a eleição do cardeal Ratzinger como supremo pontífice da Igreja Católica constituiu um acontecimento cuja gravidade poucos subestimaram, a superação integrista das contradições do Concílio Vaticano II já se delineava claramente no pontificado de seu antecessor, João Paulo II, quando as bases sociais da Teologia da Libertação foram firmemente atacadas.

Em 1983, ao visitar a América Central, suas homilias mantiveram fina sintonia com o projeto do governo Reagan para a região. Em Manágua, o papa não apenas não correspondeu às expectativas do povo nicaraguense de condenação clara às agressões incentivadas pelo imperialismo estadunidense, como também deu ênfase ao que mais dividia o governo sandinista e a hierarquia eclesiástica, à época: o da fidelidade dos sacerdotes e religiosas à igreja e à exigência de não participarem na responsabilidade da gestão governamental. Uma declaração de guerra aos partidários de um cristianismo progressista. Reafirmação classista de uma instituição multissecular.

Na Guatemala, um dos países em que a repressão dos governos militares fez mais vítimas entre os religiosos, João Paulo II não só visitou o presidente Ríos Montt, conhecido por ordenar massacres contra a oposição, como permitiu que o general lhe pedisse o afastamento de sacerdotes da política. Nos discursos papais não houve qualquer protesto contra fuzilamentos sistemáticos; apenas menções genéricas a Direitos Humanos. O Cristo do Vaticano, ao contrário do de Saramago, não deu ouvido a comunidades indígenas e camponesas tratadas como estrangeiras em seus próprios países.

Embora saiba muito bem que estão implícitas, na violência que se expande, a questão do poder, dos interesses econômicos nacionais e internacionais, além das considerações geopolíticas, o Jesus do "L'Osservatore" ignora que a promessa anunciada só se efetivará provocando uma transformação radical da condição social do homem. No livro de Saramago, Jesus, filho de José e amante de Madalena, vive a Paixão dos novos sujeitos. Seu sacrifício é a labuta das populações negras, o sofrimento das índias e o sangue camponês que jorra nos latifúndios.

A coexistência de um papado ultra-reacionário com governos de extrema-direita, como foi o de Bush, implica uma luta mundial de idéias que, não duvidem, será muito intensa. A crítica a uma religião de mercado, que exige o sacrifício de vidas humanas e o aniquilamento de natureza é a batalha da esquerda de nosso tempo.

Nessa guerra, ao contrário do que afirma o Vaticano, o Cristo de Saramago é aliado fundamental. Nas páginas do “Evangelho segundo Jesus Cristo", a grande heresia não está no fato de o personagem pedir perdão pelos pecados de Deus. O que o Vaticano não pode perdoar é a denúncia corajosa a um cristianismo imperial e colonialista. Um sistema de crenças que, para validar a opressão, necessita de uma metafísica negativa sobre os homens e sua história.

Saramago provocou a ira da cúpula da Igreja Católica ao reafirmar a modernidade e os valores de igualdade e liberdade. Foi isso que seu Cristo Marxista proclamou. Não de maneira idílica, mas de forma dialética, como reafirmação de vidas que devem transcender a si mesmas, eliminando práticas e relações que geram opressão e miséria.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

Rede Globo é alvo de "vuvunzelazo" na internet-Editorial - Carta Maior

A briga entre Dunga e a Globo mostrou que as grandes empresas midiáticas não estão falando mais sozinhas e perderam a legitimidade auto-atribuída que os apresentava como porta-vozes dos anseios, interesses e desejos da sociedade. Há quem diga que é muito barulho por uma questão envolvendo um campeonato de futebol. Na verdade, é muito mais do que isso. Os palavrões e o “destempero” de Dunga serviram ao menos para mostrar que há muitas vozes gritando do lado de cá da tela. E, nesta semana, essas vozes fizeram tanto barulho quanto as vuvunzelas. A Globo que o diga.

A Globo não está mais falando sozinha no Brasil. A chamada grande mídia não se esgota na Rede Globo, é verdade, mas esta simboliza a hegemonia do modelo midiático concentrador e excludente construído no Brasil ao longo das últimas décadas. A briga envolvendo o técnico da seleção brasileira e o maior conglomerado de comunicação do país deu visibilidade a esse novo cenário. O chamado para um "Dia sem Globo", convocado via twitter para esta sexta-feira, foi um movimento inédito no país, nos termos em que aconteceu. A ordem era não ver o jogo da seleção brasileira contra Portugal pelos veículos da Globo. Moveu ponteiro na audiência da emissora? Nada dramático, segundo os indicadores oficiais de audiência, mas algo parece ter se movido.

O blog Noticias da TV Brasileira divulgou os seguintes números dos índices de audiência das emissoras concorrentes da Globo no horário do jogo desta sexta-feira entre Brasil e Portugal:

“A Band obteve hoje com a transmissão do jogo Brasil X Portugal o seu melhor resultado de audiência até agora na Copa do Mundo: pela prévia do Ibope, média de 13 pontos. Nos dois primeiros jogos do Brasil a média da emissora tinha sido de 10 pontos. O resultado de hoje mais uma vez garantiu à Band o segundo lugar isolado. No horário do jogo, SBT deu 1,1, Record 0,9 e Rede TV 0,1.”

Luiz Carlos Azenha, por sua vez, informou no Vi o Mundo que os números preliminares do Ibope para a Grande São Paulo indicam um aumento na audiência tanto para a Globo quanto para a Bandeirantes em relação ao jogo anterior do Brasil na Costa do Mundo, domingo passado. “Na estreia do Brasil, a Globo cravou 45 pontos, contra 10 da Band. No terceiro jogo, entre Brasil e Portugal, os números preliminares indicam que a Globo obteve 44 pontos de média, contra 13 da Band”. No entanto, o “share” da TV Globo caiu (porcentagem de sintonizados na emissora sobre o número total de televisores ligados), de 75% no primeiro jogo para 72% no segundo e, agora, para 67%. O “share” da Bandeirantes, por sua vez, iniciou com 16%, passou para 17% e chegou a 20% no jogo contra Portugal. Todos esses números, adverte Azenha, são preliminares e se referem apenas à medição automática do Ibope na Grande São Paulo.

Mas a principal novidade desse episódio não é audiência da Globo ou da Bandeirantes, mas sim a exposição pública de um tipo de prática midiática (de manutenção de privilégios) que não era conhecido pela imensa maioria da população. Na terça-feira desta semana começaram a surgir os primeiros relatos (dos jornalistas Bob Fernandes, no portal Terra, e de Maurício Stycer, no UOL) sobre o conflito ocorrido no domingo entre Dunga e a Rede Globo. Segundo esses relatos, Dunga não aceitou dar à Globo acesso privilegiado a jogadores da seleção para a realização de entrevistas exclusivas. Essas entrevistas teriam sido negociadas diretamente pela Globo com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Dunga não gostou e vetou.

A imensa maioria dos jornalistas condenou o modo como Dunga reagiu, proferindo palavrões durante a coletiva após o jogo contra a Costa do Marfim. No dia seguinte, o episódio parecia que ia somar para um suposto aumento do desgaste da imagem de Dunga. Mas não foi isso que aconteceu. A repercussão do caso na internet indicou que a maioria dos internautas estava ficando com Dunga e contra a Globo. As enquetes nos portais esportivos e as seções de comentários nestes espaços mostravam um amplo apoio para o técnico contra a emissora. Ainda na terça,Internautas começaram a propor um boicote nacional à TV Globo na sexta-feira. Na madrugada de terça-feira, cresceu no twitter o chamado para um #diasemglobo, que convidava as pessoas a verem o jogo entre Brasil e Portugal, sexta-feira, em qualquer outra emissora que não a Globo.

A reação da Globo e de seus parceiros

A alergia à crítica da Globo e de suas empresas parceiras provocou cenas curiosas, como a consulta à distância a psicanalistas para diagnosticar problemas mentais no treinador. Os jornais O Globo, no Rio de Janeiro, e Zero Hora, em Porto Alegre, publicaram matérias quase idênticas.

O primeiro noticiou, dia 22 de junho, em matéria assinada por Fernanda Thurler: “E se o destempero entrar em campo – Psicanalista teme que atitude exaltada do treinador seja incorporada pelos jogadores ”. Na mesma linha, ZH disse, em matéria de Itamar Melo: “Especialistas analisam Dunga”. Praticamente a mesma matéria. Só mudaram os psicanalistas ouvidos. No caso do Globo, Alice Bitencourt e Chaim Katz. A ZH foi de Mario Corso, João Ricardo Cozac e Robson de Freitas Pereira.

O jornalista Leandro Fortes apontou, em seu blog Brasília, eu vi, o surgimento de uma nova era Dunga e uma de suas primeiras conseqüências: o fim do besteirol esportivo. Ele escreveu:

“O estilo grosseiro e inflexível de Dunga desmoronou esse mundo colorido da Globo movido por reportagens engraçadinhas e bajulações explícitas confeitadas por patriotadas sincronizadas nos noticiários da emissora. Sem acesso direto, exclusivo e permanente aos jogadores e aos vestiários, a tropa de jornalistas enviada à África do Sul se viu obrigada a buscar informações de bastidores, a cavar fontes e fazer gelados plantões de espera com os demais colegas de outros veículos. Enfim, a fazer jornalismo. E isso, como se sabe, dá um trabalho danado”.

O fato é que a Globo e as grandes empresas midiáticas não estão falando mais sozinhas e perderam a legitimidade auto-atribuída que os apresentava como porta-vozes dos interesses, anseios e desejos da sociedade. Eles não são esses porta-vozes. O número de porta-vozes da sociedade aumentou significativamente e eles estão se valendo das novas ferramentas tecnológicas para expressar suas opiniões. Há quem diga que é muito barulho por uma questão envolvendo um campeonato de futebol. Na verdade, é muito mais do que isso. Os palavrões e o “destempero” de Dunga serviram ao menos para mostrar que há muitas vozes gritando do lado de cá da tela. E, nesta semana, essas vozes fizeram tanto barulho quanto as vuvunzelas.
 
 http://www.cartamaior.com.br/template /materiaMostrar.cfm?materia_id=16727
 

OS SINDICATOS E O ECONOMICISMO

O LENINISMO E AS NOSSAS TAREFAS

O leninismo triunfou, na sua época, através de uma longa luta política. Inicialmente, precisou vencer o economicismo - tendência oportunista então majoritária que se caracterizava por restringir o movimento operário à luta econômica, pois se opunha à luta de classes no seu sentido revolucionário.

Lênin afirmava que a luta econômica devia ser apenas o ponto de partida para a verdadeira luta de classes. Para isso, apoiava-se na tradição marxista: 

  “... que os atuais movimentos que reivindicam exclusivamente melhores salários e menos horas de trabalho a envolvem num círculo vicioso sem saída; que não são os baixos salários, mas o salário em si mesmo que constitui o mal fundamental do sistema”. “... que se aproxima a hora em que a classe operária, tendo compreendido que a luta por melhores salários e encurtamento da jornada de trabalho, assim como o conjunto das ações atuais dos sindicatos, não é um fim em si, mas um meio, um meio necessário e eficaz, mas somente um entre muitos outros para atingir um objetivo mais elevado, a abolição do próprio trabalho assalariado” (artigo de Engels no Labour Standard). 
Segundo Lênin, se devia partir da experiência das massas para explicar o significado do capitalismo, conscientizá-las e organizá-las. Transformar os sindicatos em “escolas de socialismo”.

Vencida essa luta contra o economicismo, Lênin teve de enfrentar o reformismo menchevique e o reformismo europeu da social-democracia. Essa luta se deu em duas frentes, organizativa e programática. Precisou afirmar e construir o partido dos revolucionários profissionais contra o oportunismo organizativo que não distinguia partido e classe. Com relação ao sujeito social da revolução russa, defendeu a hegemonia do proletariado e dos camponeses pobres, que somente poderiam ter uma vitória completa através de uma insurreição popular. A isso se opunham os mencheviques, que delegavam a tarefa dirigente da revolução à burguesia liberal e secundarizavam a importância da insurreição. Por fim, enfrentou a capitulação da social-democracia européia diante da guerra imperialista. 
 
 Tarefas atuais
 
Comparadas com as tarefas daquela época, as nossas tarefas atuais são maiores. Aquela era a época do apogeu do capitalismo, esta é a da sua avançada degeneração. Naquele momento, a classe operária ainda se encontrava em desenvolvimento, bem como as suas lutas econômicas. Contrariamente, o longo período do parlamentarismo pacífico do século XIX minou o caráter revolucionário da social-democracia. Mas, apesar disso, as condições objetivas favoreciam a reconstrução das minorias revolucionárias que não haviam sucumbido à avalanche oportunista, sendo o bolchevismo a sua vanguarda.

Hoje, o oportunismo renasceu com mais força do que então, levando à maior crise de direção jamais vista. Esta se caracteriza por um economicismo ainda mais primário, pelo abandono dos métodos da luta de classes e pela negação do programa revolucionário em benefício de um programa burguês mascarado, na lógica de uma suposta revolução democrática. Politicamente é um estorvo para a revolução socialista.

Teoricamente, revisa todos os princípios do marxismo: o papel do proletariado, a importância do partido revolucionário, bem como os métodos e o programa. Capciosamente, tenta passar essa revisão como sendo o marxismo ou pela sua pretensa atualização. Ao mesmo tempo, lhe rende homenagem nos dias de festa. Esse revisionismo é conhecido como: mandelismo, lambertismo, morenismo, lorismo, altamirismo, entre outros.
É fácil identificá-los através de algumas das suas receitas políticas preferidas: revolução de fevereiro, governo operário e camponês, unidade pela unidade, exigências e denúncias, Assembléia Constituinte, Frente Única anti-imperialista.

Diante da hegemonia tão avassaladora desse oportunismo, da mesma forma que Lênin em 1910, pode-se dizer:
“Deve haver aí causas essenciais, residentes no regime econômico e no caráter da evolução de todos os países capitalistas, para engendrar constantemente esses desvios” (Revisionismo e anarquismo). Nesse sentido, apontamos duas causas objetivas principais: a decadência do capitalismo e as derrotas do proletariado.

O predomínio do stalinismo, transformou a maior vitória do proletariado - a revolução russa - na sua maior derrota. A consolidação e pujança do estado operário soviético - apesar do stalinismo - se voltou como uma avalanche contra as suas futuras vitórias. O imperialismo não poderia contar com um aliado mais eficiente, que levou à derrota, uma a uma, todas as revoluções futuras, com as exceções conhecidas. E o principal, conduziu à restauração do capitalismo a própria URSS. O proletariado internacional se ressente, até hoje, dessa imensa derrota, a qual, por ironia e não por acaso, foi saudada como uma vitória por grande parte do “trotskismo”.


Ao lado dessas derrotas e em conexão com elas, está a degeneração do capitalismo. O proletariado industrial não avança numericamente, recua. As grandes concentrações operárias diminuem. O desemprego estrutural coloca limites muito estreitos à luta econômica. Os sindicatos se integram ao Estado. A luta salarial tem poucas perspectivas e se restringe a alguns setores minoritários. A grande massa mais explorada não conta com qualquer organização. Esses fatores tornam mais difíceis a organização em geral e a do partido revolucionário, em particular.


Essas são “as causas essenciais” dessa epidemia de oportunismo, que não pode ser derrotado enquanto algumas delas não forem superadas. O oportunismo é o parasita da derrota, chafurda na sua lama. A degeneração do capitalismo é irreversível, mas as conseqüências dessas derrotas têm seus dias contados. A diminuição do proletariado industrial é compensada pelo aumento de novos setores proletários, menos concentrados, mas igualmente explorados. Estes são mais difíceis de organizar, mas muito explosivos quando despertam.


O capitalismo não pode se livrar das suas crises periódicas, que tem efeitos contraditórios sobre a luta de classes. Ao mesmo tempo em que dificultam as lutas econômicas, colocam na ordem do dia as lutas políticas gerais. A realidade tem demonstrado que tanto a degeneração capitalista, como as derrotas, não aplastaram definitivamente o proletariado internacional. Na atual crise - e antes dela - ele volta a levantar a cabeça: foram as revoltas contra o aumento dos preços dos alimentos em dezenas de países em 2008, as lutas do proletariado europeu - principalmente na França - e na América Latina - Argentina, Bolívia, Venezuela, Equador, entre outras. Dessa forma, o proletariado mundial demonstra que está vivo. Está ainda muito longe de readquirir a antiga consciência de classe e a organização suficiente para questionar o capitalismo. Mas isso é um processo que está novamente em andamento.


Já não estamos no fundo do poço, mas os tempos de “vacas magras” ainda persistem. Estes ainda são os tempos do oportunismo, mas novos tempos se avizinham. Novas crises virão. Enquanto isso, devemos remar contra a maré confiando na capacidade do proletariado, coisa que o revisionismo não faz. Essa falta de confiança é o seu elemento, a sua razão de ser.
“Se as relações de forças desfavoráveis não permitem conservar as antigas posições políticas, deve-se, pelo menos, conservar as posições ideológicas, pois nelas se encontra a cara experiência do passado" (Bolchevismo e Stalinismo).

A nossa primeira tarefa é conservar “as posições ideológicas” do marxismo, sem nenhuma concessão. Faremos a crítica ao oportunismo hegemônico, a denúncia sistemática do capitalismo e a propaganda do programa da revolução socialista em todos os movimentos, inclusive, nos sindicatos. Ao mesmo tempo, não devemos descuidar do combate ao doutrinarismo de esquerda, que esquece as tarefas concretas em nome de reivindicações abstratas, a exemplo da greve geral, tomada como objetivo abstrato, não como método de luta. Desconsideram a conjuntura e quem a convoca. Um exemplo de como esse radicalismo aparente se transforma em conciliação foi o caso das mobilizações pró-Lula em 2007 contra a Emenda 3, que recebeu o apoio da santa aliança: CUT, oportunistas e doutrinários de esquerda.


Não queremos agradar a quem quer que seja nos campos do oportunismo, centrismo, doutrinarismo. Nos move uma única preocupação: a fidelidade às necessidades históricas do proletariado. Não bajulamos a este com atalhos oportunistas. Confiamos na sua unidade em torno do programa revolucionário.

http://lutamarxista.org/organizacao/leninismo.html

Ao separar a luta econômica, e meramente sindical, da luta política mais geral, a maioria dos sindicatos, ao longo do século XX no Brasil e no mundo, deixaram de cumprir um papel, que apesar de limitado, era e é imprescindível para a luta socialista. A partir da leitura do marxismo clássico, é tarefa dos sindicalistas revolucionários atuais fazer esse balanço e encaminhar ações que procurem pôr em xeque o sistema capitalista como um todo, sem se limitar a lutar meramente contra os seus efeitos, mesmo que estes sejam bastante nefastos.

Teones França

Em:http://www.eleicoessepe.blogspot.com/

19 de jun. de 2010

A triste sina de Heloísa Helena

Heloisa Helena havia feito campanha contra o aborto, embora presidente de um partido que havia se pronunciado a favor. Ao mesmo tempo, ela afirmou que preferia seus 10 minutos na TV Globo do que não renovar a concessão do canal de televisão privado venezuelano feito por Hugo Chavez.


Sabia-se, pelo seu próprio estilo – revelado claramente na campanha eleitoral de 2006 -, que ela atua individualmente e não como dirigente de um coletivo partidário. Recentemente ela questionou o resultado da consulta interna feita para indicar o candidato à presidência. Ela preferia que o PSOL apoiasse Marina, mas rapidamente se revelou, nas negociações, como não havia identidade ideológica e política mínima entre o partido e a candidatura da Marina.


Heloisa Helena tinha afirmado que não faria campanha nas eleições para o vencedor da consulta – Plinio de Arruda Sampaio. Mais recentemente, reafirmou que apóia Marina nas eleições presidenciais, contrariando frontalmente a posição formalmente adotada pelo PSOL. Plinio pediu que ela seja removida da direção do PSOL, pelas posições que tem tomado.


Heloisa Helena disse também que “já entregou sua cota” e que agora se dedicaria ao povo do Alagoas – isto é, à sua candidatura ao Senado. Acrescentou que teria sido usada pelo partido na campanha presidencial.




Uma atitude absolutamente individualista, coerente com o seu comportamento na campanha presidencial, que privilegia sua campanha, que lhe garanta um mandato, independentemente do desempenho do seu partido. Já na campanha para vereadora, Heloisa Helena havia dito que o companheiro de bancada do mesmo partido tinha sido eleito sem mérito, pelos votos dela, que não merecia ter um mandato.


Não será de surpreender se ela fizer a campanha da Marina e, finalmente, se eleita, sair definitivamente do PSOL e se vincular ao PV ou a algum outro partido, ou, se não eleita, se retirar da política.


Uma triste sina de quem pretendia encarnar uma perspectiva mais radical do que o PT e construir um partido com essa perspectiva. Hoje falta ao respeito com o seu partido e com Plinio de Arruda Sampaio e toda sua trajetória de lutas na esquerda brasileira.

Fonte Aqui

Como se prepara uma conquista

Por Mauro Santayana
Desde que existem fronteiras, existem guerras. As guerras se fazem sobre as fronteiras, para que se abram aos invasores. Ao se abrirem, deslocam-se, em favor dos que vencem, cujo espaço se vê ampliado. Há as fronteiras físicas, eventualmente com suas fortalezas e seus obstáculos naturais, e há as fronteiras morais. O povo invadido não se defende apenas com as armas, por mais poderosas sejam; defendem-se com sua bravura, sua honra, seu sentimento de fraternidade.



 

É natural que os homens morram na defesa de suas ideias e de sua dignidade, mas para isso devem nelas acreditar como alguma coisa maior do que eles mesmos. Nenhuma outra ideia, nenhum outro compromisso, é maior do que a ideia de pátria, que aceita e amplia o sentimento de família. O homem que morre na defesa de sua pátria morre na defesa de seus filhos e de todos os filhos, de todas as mulheres, de todos os anciões de seu povo. Por isso, a defesa é mais poderosa do que o ataque – como temos visto em todas as guerras. A defesa se transforma em ataque, como ocorreu na Segunda Guerra Mundial. A resistência russa, nas portas de Moscou e na gesta desesperadora de Stalingrado, se converteu na cena orgulhosa do soldado que fixa a bandeira vermelha no alto do Reichstag, em Berlim.


As guerras não são fenômenos repentinos na História. Muitos estudiosos vão à mitológica Guerra de Troia, na versão de Homero, com seus paradigmas de astúcia, heroísmo, covardia e traições, para nela encontrar o exemplo clássico dessa patologia: todos os conflitos anteriores e todos os que se seguiram se explicam com a expedição de Agamenon, a astúcia de Ulysses, o inútil “corpo fechado” de Aquiles, com seu calcanhar vulnerável, a coragem de Ájax no confronto com Hector, a enigmática figura de Palamedes.

A guerra está presente em todas as comunidades humanas, seja na conquista ou na defesa. Um dia, se houver Deus, é possível que haja paz. Não tem havido paz. Assim, os agressores, mais do que pensar nas defesas físicas do presumido inimigo a ser conquistado, buscam atingir previamente sua armadura moral. Uma desmoralização fácil, e de que se valeram os nazistas, é a racial. Sendo diferente, o inimigo deve ser aniquilado: não faz parte da nossa espécie. Os mais velhos se lembram das histórias em quadrinhos americanas, nas quais os japoneses eram caricaturados como se fossem símios, e os alemães sempre obesos e embriagados. Para combatê-los, surgiu a nova mitologia dos super-homens, dos fantasmas-voadores, dos capitães-américa.


Depois de Avatar, de James Cameron, uma alegoria claramente identificada com a Amazônia, sua biodiversidade e seus minérios, a cineasta Kathryn Bigelow anuncia película a ser ambientada na Tríplice Fronteira. Alguns senhores, de curta inteligência ou de duvidoso patriotismo, saúdam a iniciativa, como promoção do turismo. Não percebem que se trata de abrir caminho a futura ocupação da área, anunciada durante o governo Bush, contra a soberania do Brasil, da Argentina e do Paraguai, a pretexto do “combate ao terrorismo”. Trata-se da construção de uma ideia da região, que nada tem a ver com a realidade, e da justificação subliminar para operações das Forças Armadas norte-americanas na área. Para isso, os ianques já construíram grande pista de pouso no Chaco paraguaio.

Os três governos atuam em conjunto para reforçar a vigilância nas fronteiras, contra o contrabando e o tráfico de drogas, além de outras formas do crime organizado. A eles cabe – e a ninguém mais – cuidar dos interesses comuns, na defesa da soberania de cada um de seus países e da paz para seus povos.








Os americanos se movem pela fé no Destino manifesto. Não se trata somente de política de Estado, mas de certa crença nacional, consolidada pelos meios de comunicação, a partir de Hearst e Pulitzer, e robustecida pela indústria cinematográfica, de que se imbuem cineastas como Cameron e Bigelow. Desde os gregos o entretenimento é instrumento de convencimento político. Temos todo o direito de recusar a entrada, em nossos países, dos que nos querem engambelar com a magia do cinema. Os colares de miçangas e os presentes de grego mudam de formato e de conteúdo, mas o propósito de conquista e domínio continua o mesmo.

18 de jun. de 2010

Parlamentar "comunista" vira ideólogo da bancada ruralista




CLAUDIO ANGELO
 Em 43 páginas de um relatório dedicado "aos agricultores brasileiros", Aldo Rebelo martela uma só mensagem: a proteção ambiental é uma invenção dos "estrangeiros" para condenar o Terceiro Mundo à pobreza.
O nacionalismo do deputado do PC do B era a base intelectual que faltava à bancada ruralista para emplacar a "flexibilização" do código florestal. Bons de pressão, mas ruins de ideologia, os ruralistas tentam há quase uma década mudar a lei florestal.

Político experiente e de base urbana, Aldo dá um verniz erudito à grita primal por mais produção e menos legislação. Cita Graciliano Ramos, José Bonifácio, Malthus. Mas seu relatório resvala para o humor involuntário.
Pede, por exemplo, a naturalização da jaca, uma vez que essa espécie chegou ao Brasil no século 17 -não deveria mais ser "exótica".

Acusa o Greenpeace e a Holanda de conspiração para ressuscitar a era Nassau. Não acredita? Ao relatório:
"O sonho batavo de uma Holanda Tropical foi desfeito tragicamente nos montes Guararapes (...) Despojada do poder militar e comercial de antigamente, a Holanda se compraz em sediar e financiar seus braços paramilitares, as inevitáveis ONGs".

(Como ensina Warren Dean no clássico "A Ferro e Fogo", a tese da conspiração internacional para frear o desenvolvimento do Brasil é velha. Ela foi usada já nos anos 1950 para justificar a grilagem das florestas do Pontal do Paranapanema.)

Mas é em sua invectiva contra a mudança climática que o relatório se supera.

Confunde aquecimento global com buraco na camada de ozônio; dispara contra os países ricos pelos cruéis "mecanismos de desenvolvimento limpo", ignorando que estes são uma invenção brasileira; e evoca uma "certeza" que nunca houve sobre um "resfriamento global".

Além de uma consultora do agronegócio, o deputado bem poderia ter contratado um assessor científico.

Para relator, os agricultores são vítimas do código 

"Assim vai o nosso agricultor, notificado, multado, processado, embargado na sua propriedade, mal arrancada terra o seu sustento e já se vê sustentando o fiscal ambiental, o soldado, o delegado, o oficial de Justiça, o promotor, o desembargador, o advogado, o banqueiro e a ONG que inspirou o seu infortúnio", escreveu o relator. Marta Salomon

ONGs mostram cartão vermelho a Aldo Rebelo


A apresentação do relatório do projeto que altera o código florestal Brasileiro pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ocorreu em meio a manobras de obstrução e clima de confronto entre ruralistas e ambientalistas. A sessão foi tumultuada desde a leitura da ata até o encerramento.

"Esse relatório tem um lado: o relator contratou uma assessora do agronegócio", disparou Ivan Valente (PSOL-SP). Ele se referia à contratação da advogada Samanta Piñeda, ligada aos ruralistas, que recebeu R$ 10 mil por uma consultoria ao projeto, conforme noticiou o Estado ontem. O dinheiro foi pago com a verba indenizatória de Rebelo e do presidente da comissão especial, Moacir Micheletto (PMDB-PR).

Grande número de militantes de ONGs ambientalistas compareceu à votação para protestar, obrigando a comissão a organizar uma sala contígua com telão para comportar o público. A cada artigo do projeto ou observação polêmica do relator, os manifestantes levantavam cartões vermelhos, em sinal de desaprovação.
Micheletto encerrou a sessão após a leitura do relatório e convocou uma nova reunião para votar o texto para hoje à tarde. Valente anunciou que vai pedir vista e retardar ao máximo a votação da matéria, que irá direto a plenário, caso seja aprovado na comissão especial de meio ambiente. / VANNILDO MENDES

Retrocesso florestal

Relatório de Aldo Rebelo alia atraso ruralista a nacionalismo antiquado para desmontar legislação que protege as florestas

O relatório do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) à comissão especial da Câmara, com propostas para o novo Código Florestal, extingue a pouca luz da discussão e deixa em cinzas as pontes que ruralistas e ambientalistas mais esclarecidos vinham tentando construir entre os dois lados.

O código, que existe desde 1965, foi modificado em 2001 por medida provisória. O texto estipula que donos de terras estão obrigados a manter intactas parcelas de reserva legal -de 20% a 80% da propriedade, a depender da região.

Proprietários particulares, assim, dividem com o poder público o ônus de preservar as matas como bens comuns. Além da reserva, a legislação em vigor prevê áreas de proteção permanente (APPs). Sem exploração agrícola e cobertos de vegetação, topos de morro e margens de corpos d"água impedem erosão e assoreamento de nascentes, rios e represas -no interesse de todos.

Até o final do século 20, latifundiários e ruralistas limitavam-se a desrespeitar o código, certos da impunidade. A partir de 2008, o governo federal passou a atuar com mais rigor, no esforço de conter o desmatamento na Amazônia.

Tornou-se necessário reconhecer em cartório (averbar) o passivo ambiental. Vale dizer, delimitar e registrar as áreas desmatadas em desacordo com a legislação. Na falta de averbação até dezembro daquele ano, o dono ficaria sujeito a multas diárias de R$ 50 a R$ 500 por hectare.

A ameaça de fiscalização pôs os ruralistas em polvorosa. Passaram a denunciar o código de 1965 como uma peça que inviabilizaria a agropecuária nacional. Conseguiram arrancar do governo Lula sucessivos adiamentos do prazo para início das multas, de 2008 para 2009 e depois para 2012.

Todos os que tenham cumprido a lei descobrem-se agora como tolos. Encorajados pelo vaivém do Planalto, ruralistas infratores e seus cúmplices parlamentares se lançaram numa campanha para derrubar o código.
O nacionalismo antiquado do PC do B só veio tornar mais "aloprada" essa visão discrepante de tudo o que se descobriu e aprendeu sobre economias sustentáveis nas últimas décadas. Houve recentemente reduções no desmatamento da Amazônia, como quer a opinião pública nacional e internacional. Mas, para Rebelo, isso equivale a dobrar-se diante de potências imperialistas.

A proposta alinhavada pelo relator prodigaliza moratórias, suspende multas, alarga prazos para recomposição de reserva legal, reduz APPs, libera exploração de várzeas e topos de morro... Um lobista em defesa dos interesses mais atrasados da agropecuária não teria feito melhor do que o parlamentar comunista.
Ao tentar transformar em regra de direito o fato consumado dos crimes ambientais, o relator abandona a busca de equilíbrio entre agenda econômica e natureza. Não por acaso, acata a reivindicação de delegar aos Estados o poder de legislar sobre reserva legal e APPs -que mal disfarça a intenção de transferir as leis para instâncias mais vulneráveis à influência corruptora.
Se faltar ao Congresso coragem para enterrar de pronto esse projeto, que ao menos adie a decisão para a próxima legislatura.


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17 de jun. de 2010

Aos que virão depois de nós

Aos que virão depois de nós

Bertold Brecht

Eu vivo em tempos sombrios.
Uma linguagem sem malícia é sinal de estupidez,
Uma testa sem rugas é sinal de indiferença.
Aquele que ainda ri é porque ainda não recebeu a terrível notícia.

Que tempos são esses,
Quando falar sobre flores é quase um crime.
Pois significa silenciar sobre tanta injustiça?
Aquele que cruza tranqüilamente a rua
Já está então inacessível aos amigos
Que se encontram necessitados?

É verdade: eu ainda ganho o bastante para viver.
Mas acreditem: é por acaso. Nada do que eu faço
Dá-me o direito de comer quando eu tenho fome.
Por acaso estou sendo poupado.
(Se a minha sorte me deixa estou perdido!)

Dizem-me: come e bebe!
Fica feliz por teres o que tens!
Mas como é que posso comer e beber,
Se a comida que eu como, eu tiro de quem tem fome?
Se o copo de água que eu bebo, faz falta a quem tem sede?
Mas apesar disso, eu continuo comendo e bebendo.

Eu queria ser um sábio.
Nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria:
Manter-se afastado dos problemas do mundo
E sem medo passar o tempo que se tem para viver na terra;
Seguir seu caminho sem violência,
Pagar o mal com o bem,
Não satisfazer os desejos, mas esquecê-los.
Sabedoria é isso!
Mas eu não consigo agir assim.
É verdade, eu vivo em tempos sombrios!

II

Eu vim para a cidade no tempo da desordem,
Quando a fome reinava.
Eu vim para o convívio dos homens no tempo da revolta
E me revoltei ao lado deles.
Assim se passou o tempo
Que me foi dado viver sobre a terra.
Eu comi o meu pão no meio das batalhas,
Deitei-me entre os assassinos para dormir,
Fiz amor sem muita atenção
E não tive paciência com a natureza.
Assim se passou o tempo
Que me foi dado viver sobre a terra.

III


Vocês, que vão emergir das ondas
Em que nós perecemos, pensem,
Quando falarem das nossas fraquezas,
Nos tempos sombrios
De que vocês tiveram a sorte de escapar.

Nós existíamos através da luta de classes,
Mudando mais seguidamente de países que de sapatos, desesperados!
Quando só havia injustiça e não havia revolta.

Nós sabemos:
O ódio contra a baixeza
Também endurece os rostos!
A cólera contra a injustiça
Faz a voz ficar rouca!
Infelizmente, nós,
Que queríamos preparar o caminho para a amizade,
Não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos.
Mas vocês, quando chegar o tempo
Em que o homem seja amigo do homem,
Pensem em nós
Com um pouco de compreensão.
 

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11 de jun. de 2010

Testemunhas contam como presos políticos eram jogados no mar na Argentina

Testemunhas contam como presos políticos eram jogados no mar na Argentina

Testemunhas relataram detalhes sobre os os "voos da morte" na Argentina, que atiravam ao mar presos políticos durante a ditadura militar no país, enquanto começava nesta quinta-feira (10/6) o julgamento de um dos pilotos acusados de comandá-los. Em reportagem do jornal argentino Página 12, ex-recrutas da base onde funcionou o centro de tortura La Cueva descreveram as operações montadas com aviões da marinha argentina para atirar presos políticos no Oceano Atlântico – tanto mortos quanto ainda vivos.

Segundo um dos entrevistados pelo jornal, Adolfo Scilingo, o processo era quase sempre o mesmo: a diferença era que alguns dos presos políticos “entravam nos aviões algemados e dopados, para evitar qualquer tipo de reação, enquanto outros já estavam mortos e embalados em sacos plásticos”.

Scilingo contou também que os aviões eram carregados no próprio hangar e, cerca de 40 minutos, depois retornavam vazios. “Era preciso driblar a fiscalização, mas sempre havia um jeito. Depois disso, os aviões sobrevoavam o mar e o rio da Prata, onde descarregavam”, disse – ou seja, despejavam as vítimas sobre as águas. 
 
Outro entrevistado, cuja identidade foi mantida por anonimato, disse ter testemunhado mais de uma vez o “carregamento de corpos nos aviões Albatroz da marinha”. Em alguns casos, contou, os “voos da morte” eram “prestigiados por convidados especiais”, como prefeitos e militares renomados, que sequer são investigados hoje em dia.

“Uma noite cheguei a ver cinco ou seis sacos sendo levados para o avião, os pacotes tinham pés e mãos para fora. Aqueles sacos vinham de La Cueva”, relatou.


Questionado sobre o motivo de denunciar o esquema da Esma (Escola Superior de Mecânica da Armada, um dos principais locais de tortura) e dos voos da morte, o ex-integrante do centro de tortura La Cueva disse que ficou anos com distúrbios psicológicos em razão de tudo que presenciou.


“É impossível viver a vida toda com essa cruz”, alegou.


Julgamento

Na manhã desta quinta-feira, teve início em Buenos Aires o julgamento do aviador naval Julio Poch, que possui nacionalidades holandesa e argentina, um responsáveis por comandar os aviões. Além de acusado de participar de 950 casos de “prisões ilegais, torturas, lesões, desaparecimentos e mortes", o piloto está sendo investigado pela desaparição da sueca Dagmar Hagelin, das freiras francesas Alice Domon e Leonie Duquet, e do jornalista e escritor argentino Rodolfo Walsh, todos ocorridos durante a ditadura.

No dia 22 de setembro do ano passado, Poch foi preso no momento em que realizava seu último voo antes de se aposentar. Durante uma escala, foi detido pela polícia espanhola no aeroporto de Valência, na Espanha.


As investigações, iniciadas no ano passado, ganharam força com denúncias de ex-colegas de profissão de Poch na companhia aérea holandesa Transavia. Eles disseram que, em várias ocasiões, Poch teria contado detalhes sobre os “voos da morte”.


Como parte do inquérito judicial, um de seus colegas declarou que o piloto argentino contou que o objetivo destes voos era – segundo suas palavras –  “matar e livrar-se dos terroristas”. Poch porém, alegou que foi “mal interpretado pelos colegas holandeses” e negou as acusações durante o julgamento.


Opera Mundi

6 de jun. de 2010

ATROCIDADES NAZI-SIONISTAS

Uma t-shirt ostentando uma palestina grávida sob uma alça de mira e a inscrição "Um tiro duas mortes". Foi a imagem escolhida por snipers (atiradores de elite) da infantaria israelense. Outras t-shirts exibem bebés mortos, mães a chorarem sobre os túmulos dos seus filhos, armas apontadas a crianças e mesquitas bombardeadas. Há uma loja em Tel Aviv especializada em imprimir as ditas t-shirts e cada pelotão escolhe a imagem que vai usar. As atrocidades praticadas pela entidade nazi-sionista já não são escondidas – são mesmo exibidas. 


4 de jun. de 2010

A DIFERENÇA ENTRE JUDAÍSMO E SIONISMO

Por G. Neuburger 

Este texto é dedicado a todos aqueles que pensam, ingenuamente ou não, que as críticas a Israel são demonstrações de anti-semitismo. (Márcio Alves de Lima).


Quando a Torá fala sobre a criação do primeiro ser humano, Rashi, conhecido comentarista, explica que a terra que formou Adão não foi tirada de um único lugar e sim de várias partes do planeta. Assim, a dignidade humana não depende do lugar onde se tenha nascido nem está limitada a uma única região.

A grandeza e o mérito de uma pessoa não são medidos por sua aparência externa. Os judeus acreditam que Adão foi criado à imagem de Deus e que ele é o ancestral comum de toda a humanidade. Nesta etapa da história humana, não há espaço para povos privilegiados que possam agir em relação aos outros como bem entendem. A vida humana é sagrada e os direitos humanos não podem ser negados por aqueles que os distorcem em nome da "segurança nacional" ou de qualquer outra coisa. Ninguém sabe disso melhor do que os judeus, que, por tantas vezes e por tanto tempo, foram considerados cidadãos de segunda classe. No entanto, alguns sionistas divergem quanto a isso e é compreensível porque judaísmo e sionismo em hipótese alguma são a mesma coisa. Na verdade, eles são incompatíveis. Se uma pessoa é um bom judeu, não pode ser um sionista e se for um sionista não pode ser um bom judeu.


Por mais de 60 anos lutei contra o sionismo, assim como o fez meu pai antes de mim e, por essa razão, esta é uma questão bem familiar para mim. Para aqueles que acompanharam esta luta nos últimos 10 ou 20 anos, o que tenho a dizer pode parecer surpreendente ou mesmo chocante. No entanto, essas questões precisam ser discutidas clara e abertamente porque o sionismo é uma doença que só pode ser curada quando diagnosticada corretamente. A fim de reconhecermos o sionismo pelo que ele é, precisamos conhecer o judaísmo, o sionismo - o oposto e a negação do judaísmo - e a história judaica. Não pretendo discorrer sobre as ações dos sionistas, elas serão adequadamente tratadas pelos outros. Como judeu, pretendo discutir o sionismo, que é a revolta contra Deus e a traição do povo judeu.


Para começar, algumas definições. O que é um judeu? É qualquer pessoa que tenha a mãe judia ou que tenha se convertido ao judaísmo, de acordo com Halacha, a lei religiosa judaica. Esta definição, por si só, exclui o racismo. O judaísmo não procura os convertidos, mas aqueles que se convertem são aceitos com base na igualdade. Como é que isso se dá? Alguns dos mais eminentes e respeitados rabinos eram convertidos ao judaísmo. Os pais judeus em todo o mundo abençoam suas crianças todo Sabbath e feriados e o fazem da mesma forma há séculos. Se for menina, a bênção é "Que Deus a abençoe como Sara, Rebeca, Raquel e Léa." Nenhuma dessas matriarcas eram judias de nascimento, todas eram convertidas ao judaísmo. Se for menino, a bênção é "Que Deus o faça como Efraim e Menashe". A mãe desses dois era uma egípcia que se converteu ao judaísmo e se casou com José. O próprio Moisés, o maior judeu que já existiu, casou-se com uma medianita que se tornou judia. Finalmente, o Tenach, escritos sagrados dos judeus, contêm o livro de Ruth. Esta mulher não só não era judia de nascimento como era uma moabita, tribo tradicional inimiga do povo judeu. Este livro descreve a conversão de Ruth ao judaísmo e é lido anualmente no feriado que comemora a entrega da Torá, a "Lei", isto é, o Pentateuco. Por fim, o livro de Ruth segue a ascendência do rei David, o maior dos reis que os judeus já tiveram, até Ruth, sua bisavó.


Afora os sionistas, os únicos que consideraram os judeus como uma raça foram os nazistas. E isto só prova a estupidez e irracionalidade do racismo. Não havia meios de se provar que uma sra. Muller ou uma sra. Meyer eram judias ou arianas (termo nazista para os alemães não judeus). A única forma de definir se uma pessoa era judia era investigar a filiação religiosa de seus pais ou avós. Muito, para esse absurdo racial.


O orgulho racial foi a ruína daqueles judeus do passado que estavam enceguecidos por um estreito chauvinismo. Chegamos a uma segunda definição. Existe um povo judeu? Se afirmativo, qual é sua missão? Vamos esclarecer isto. A nação judaica nasceu no Monte Sinai, quando os judeus adotaram a Torá dada a eles por Deus para as gerações futuras, e não por obra de alguns políticos sionistas de uma geração anterior à atual. A afirmação "Hoje vocês se tornaram um povo", embora seja válida até hoje, foi dita há milhares de anos atrás.


De acordo com a tradição judaica, existem sete leis Noachide que se aplicam a todos os seres humanos. São os Dez Mandamentos que formam a regra básica de moralidade e conduta para os adeptos de todas as religiões monoteístas; além desses, existem 613 leis obrigatórias para os judeus e cada judeu tem que observar aquilo que se aplica a ele ou ela, de acordo com Halacha. É o cumprimento daqueles mandamentos que constitui a essência de ser judeu e, portanto, do povo judeu e de seu pacto com Deus.


De que forma os judeus são um "povo escolhido"? Todo judeu homem de qualquer lugar e de qualquer época quando chamado para ler a Torá diz "Quem nos escolheu de todos os povos e nos concedeu Sua Torá". Esta é a forma pela qual os judeus são escolhidos. O povo judeu foi escolhido não para dominar os outros, nem conquistar ou guerrear, mas pra servir a Deus e, por consequência, servir à humanidade. "E as mãos são as mãos de Esaú", tradicionalmente tem sido interpretado como significando que, enquanto "a voz é de Jacó", as mãos - simbolizando violência - são de Esaú" Assim, a violência física não é uma tradição ou valor dos judeus. A tarefa pela qual o povo judeu foi escolhido não é estabelecer um exemplo de superioridade militar ou de conquistas técnicas e sim buscar a perfeição no comportamento moral e na pureza espiritual. De todos os crimes do sionismo político, o pior e mais básico, e que explica todos os seus delitos, é que desde o seu começo o sionismo busca separar o povo judeu de seu Deus, tornando nulo e sem efeito o pacto divino e substituindo os elevados ideais do povo judeu por um estado "moderno" e uma soberania fradulenta.


Um meio de desencaminhar judeus e também os não judeus é o mau uso sionista dos nomes e símbolos sagrados do judaísmo. Eles usam o santo nome de Israel para seu estado sionista. Denominaram o seu fundo de aquisição de terra com um termo que tradicionalmente significa a recompensa pela piedade, boas ações e trabalho caritativo. Eles adotaram como um símbolo do estado o menorah (candelabro). Quanta hipocrisia, quanta perversão que é o exército israelense lutar sob um emblema, cujo significado é explicado no Tenach (por ocasião de um retorno anterior à Terra Santa) como "não pela força ou poder, mas em Meu Espírito diz o Senhor dos Exércitos."


O infame fundador do sionismo político, que seu nome seja amaldiçoado, que só foi descobrir suas próprias origens judaicas por causa do anti-semitismo mostrado no julgamento do caso Dreyfus, na França, apresentou várias soluções para o que ele chamava de "problema judaico". De uma vez, ele propôs reassentar os judeus em Uganda. De outra ele propôs convertê-los ao catolicismo. Finalmente ele teve a idéia de um Judenstaat, um estado exclusivamente judeu. Assim, nos seus primórdios, o sionismo foi a consequência do anti-semitismo e, na verdade, é inteiramente compatível com esta idéia, porque os sionistas e anti-semitas tinham (e têm) uma meta comum. Trazer todos os judeus de seus lugares de origem para o estado sionista, extirpando as comunidades judaicas que existiam há centenas e até há milhares de anos. A lealdade ao estado sionista substituiu a lealdade a Deus e o estado foi transformado no moderno "bezerro de ouro".


Aos olhos do sionismo, a crença na Torá e o cumprimento das obrigações religiosas são questões privadas e não uma responsabilidade de cada judeu e do povo judeu. Os sionistas sujeitaram a lei divina ao partido ou votos parlamentares e estabeleceram seus próprios padrões de conduta e ética.


Nem o fundador do sionismo político nem qualquer dos primeiros-ministros do estado sionista acreditam na origem divina da Torá e nem mesmo na existência de Deus. Todos os primeiros-ministros foram membros de um partido que se opôs à religião em princípio e que considerava a Bíblia um documento do folclore antigo, destituído de qualquer sentido religioso. E, no entanto, estes mesmos sionistas fundamentam suas alegações sobre a Terra Santa nesta mesma Bíblia, cuja origem divina renegam. Ao mesmo tempo, convenientemente esquecem a prece judaica "e por causa de nossos pecados fomos exilados de nossa terra" e ignoram o fato de que o exílio atual do povo judeu tem origem divina e que o povo judeu não foi ordenado e nem teve permissão para conquistar ou governar a Terra Santa antes da chegada do Messias. O povo judeu, é claro, reconhece os laços espirituais com aquela terra que eles chamam Eretz Yisrael. Todas as manhãs, tardes e noites, em suas preces, eles mencionam isto e o Sion e Jerusalém, e na verdade, um judeu não se senta para comer sem agir assim. Para o judeu, o verdadeiro solo da Terra Santa é diferente de qualquer outro lugar neste planeta e onde quer que ele esteja, ele volta seu rosto em direção a Jerusalém durante as preces. Viver na Terra Santa ou ser enterrado lá foi sempre considerado de grande valor.


Este amor à terra e o anseio judeu pelo retorno a ela e pela chegada do Messias foram explorados inúmeras vezes nos últimos 2.000 anos. O sionismo teve muitos precursores e cada um deles foi uma maldição para os judeus. Os indivíduos que se proclamam o Messias e os movimentos messiânicos que se espalharam de tempos e tempos, desde os romanos até a Idade Média e até os sionistas modernos. Muitos desses pseudo-Messias apresentaram-se como rabinos ou líderes nacionais, embora alguns deles de certa forma professassem outras crenças; muitos temporariamente - alguns por períodos mais longos - conseguiram desviar judeus, rabinos e comunidades judaicas inteiras. Todos, no devido tempo, foram expostos e reconhecidos como fraudes e aqueles que depositaram sua fé nessas pessoas encontram apenas o desapontamento e muitas vezes o desastre.


Nas primeiras etapas do desenvolvimento do sionismo moderno, foi criado o Mizrachi, uma organização dos chamados sionistas religiosos, que tentou combinar a fé com o sionismo político. A tentativa trouxe conflito constante entre os ditames da lei divina e as exigências do nacionalismo judaico. A maior parte das vezes, o Mizrachi foi voto vencido nos congressos sionistas e serviu apenas para dar ao movimento sionista uma falsa aura religiosa. Sempre que uma expectativa qualquer exigia, estes viajantes sionistas "religiosos" eram usados pelo governo sionista para conciliar as reivindicações nacionais com a autoridade "religiosa". O Partido Religioso Nacional no estado sionista foi bem recompensado por sancionar as medidas e decretos nacionalistas, com prêmios de natureza financeira ou sob a forma de postos no governo ou no gabinete.


O chauvinismo desses sionistas religiosos frequentemente ultrapassa o de outros sionistas e sempre foi expresso em termos religiosos - um exemplo do mau uso da religião. A iimpostura desses sionistas "religiosos" foi demonstrada no ano passado, quando foi revelado que dois de seus líderes tinham cometido roubos da ordem de milhões de dólares.


Uma organização judaica mundial foi fundada em 1912, na fronteira germano-polonesa, com o objetivo específico de lutar contra o sionismo. Esta organização, Agudath Israel, "União de Israel", foi criada para representar o verdadeiro povo judeu no mundo e para desmascarar as injustas e injustificadas alegações sionistas. Rabinos de todos os lugares se juntaram ao Agudath Israel, assim como milhares de judeus. Congressos anti-sionistas foram realizados em Viena e em Marienbad. Em países como a Polônia, os "agudistas" tornaram-se membros do parlamento. Há mais de 50 anos, sob a liderança do Agudath, os judeus da Terra Santa se opuseram à permissão inglesa obtida pelos sionistas, o mandato na Palestina, para declarar por escrito que não desejavam ser representados pelos sionistas ou por qualquer de seus grupos, principalmente pelas organizações sionistas governamentais como a Va'ad Leumi, "Conselho Nacional".


Pouco depois, Jacob de Haan, um ex-diplomata holandês, então líder do Agudath Israel na Palestina, iniciou conversações com líderes árabes, com vistas a uma eventual criação de um estado no qual judeus e árabes teriam direitos iguais. Desta forma, ele esperava antecipar-se à criação de um estado sionista. Apesar das ameaças à sua vida, de Haan, plenamente consciente dos perigos de um estado sionista, continuou as negociações. Às vésperas de sua partida para a Inglaterra, em 1924, para um encontro com autoridades inglesas, ele foi assassinado pelo Haganah, uma força paramilitar sionista, no centro de Jerusalém, quando chegava para as preces da noite. Mais de meio século atrás, este judeu devotado e visionário deu sua vida na luta que ele considerava suprema, numa época em que o mundo, como um todo, estava cego e surdo aos problemas e dificuldades que um futuro estado sionista poderiam acarretar.


Como consequência desse terrorismo e a crescente pressão sionista, o Agudath Israel aos poucos foi-se enfraquecendo e começou a transigir. Durante o período nazista, ele entrou em acordo com os sionistas, apesar do fato de que sua meta principal tivesse sido o combate ao sionismo. Depois que o estado sionista foi criado, o Agudath Israel rompeu com o seu passado, participou do governo sionista a nível de gabinete e elegeu "agudistas" para o parlamento sionista. Ainda professando um anti-sionismo nominal, o Agudath estabeleceu uma rede de escolas "independentes" na Terra Santa, mas atualmente uma parte substancial do orçamento dessas escolas vem do governo sionista.


Em vista desses acontecimentos, aqueles judeus que queriam continuar a luta contra o sionismo deixaram o Agudath Israel e se constituíram no Neturei Karta, uma frase aramaica que significa "Guardiães da Cidade", ou seja, da cidade de Jerusalém. O Neturei Karta, por sua vez, tornou-se um movimento mundial, conhecido em alguns lugares como "Amigos de Jerusalém".


A maior liderança do Neturei Karta foi o rabino Amram Blau, um líder inspirado e dedicado, cuja compaixão iguala-se à sua coragem. Não se calava frente a injustiça, imoralidade ou hipocrisia. Ele foi amado pelos judeus e respeitado por cristãos e muçulmanos. Nascido em Jerusalém, jamais deixou a Terra Santa em toda a sua vida. Em seus escritos, enfatizou muitas vezes que judeus e árabes tinham vivido em harmonia até o advento do sionismo político. Rabino Blau foi preso em Jerusalém, não pelas autoridades otomanas ou britânicas, ou pelos árabes, e sim pelos sionistas. Qual foi seu crime? Ele defendia com ardor e honestidade, sem olhar para a sua própria segurança, o caráter sagrado de Jerusalém contra as "inovações" e invasões dos sionistas. Ele lutou pela santidade do Sabbath e se opôs vivamente à indecência e imoralidade praticadas no regime sionista. Incessantemente denunciou a criação de um estado judeu antes da vinda do Messias como um ato de infâmia e blasfêmia. Sob sua liderança, o Neturei Karta declarou, ano após ano, que eles não reconheciam a legitimidade do estado sionista ou a validade de suas leis.


Durante o primeiro período de luta entre o estado sionista e os árabes, os rabinos do Neturei Karta foram para a frente de batalha carregando uma bandeira branca e declararam que não queriam tomar parte naquela guerra e que se opunham completamente à criação de um estado sionista. Em sua última proclamação, rabino Blau deplorou as ações dos sionistas contra os palestinos cristãos e muçulmanos e os graves danos praticados pelos sionistas contra o povo judeu, na tentativa de transformar "um reino de sacerdotes e uma nação sagrada" em um estado moderno, destituído de fundamentos religiosos, baseado no chauvinismo, construído através da conquista e da força militar. "O número de suas cidades constitui seus deuses" o profeta Jeremias teria imprecado contra o governo judeu chauvinista e idólatra dos dias atuais. Os sionistas agora estão criando um novo statu quo e expandindo suas posições ao criarem novos assentamentos nos territórios ocupados desde 1967.


Rabino Blau, em sua última declaração condenou vigorosamente a ONU por reconhecer e aceitar como membro o estado sionista, concedendo aos sionistas poder e prestígio sem precedentes. Sabe-se que nenhuma ação foi feita em relação à expulsão do estado sionista por causa do medo de que o apoio financeiro para a ONU pudesse ser retirado. Deixem aqueles estados, opôs-se o sionismo, que tornaram-se ricos na geração passada, mostrem que eles são o que dizem, oferecendo repor qualquer perda financeira que a ONU possa sofrer como consequência e deixe que os estados membros votem de acordo com suas consciências, sem medo e independente de qualquer intimidação.


Houve épocas na história judaica, conforme relatado na Bíblia, em que as massas foram desviadas e somente uma minoria de judeus abraçou a verdadeira missão do povo judeu. Uma dessas ocasiões foi a adoração do bezerro de ouro; hoje, infelizmente, assistimos à repetição disto, com o estado sionista agora sendo objeto de adoração. Até o surgimento e crescimento da influência do sionismo político, os líderes judeus eram escolhidos com base na piedade, decência, conhecimento e por seu amor à justiça e misericórdia. Hoje, os chamados líderes judeus, completamente desqualificados em relação à lei judaica e aos conceitos tradicionais, fazem pronunciamentos e tomam decisões em nome do povo judeu. Isto acontece particularmente nos Estados Unidos, onde existe a maior comunidade judaica de nossos dias. Não esqueço nunca a observação de uma mulher em Oklahoma: "O judaísmo hoje não é maravilhoso? Tudo que temos que fazer é dar dinheiro."


Até sua morte, rabino Blau refutou os sionistas que muitas vezes afirmaram que o Neturei Karta nada mais era do que uma seita insignificante de umas poucas almas. Contudo, quando, há dois anos atrás, numa manhã de sexta-feira, rabino Blau morreu em Jerusalém, em poucas horas mais de 22.000 homens acorreram ao seu funeral.


Em todas as ocasiões do passado, os desencaminhadores dos judeus cedo ou tarde ficaram pelo caminho e só triunfaram aqueles que defenderam a validade da Torá e do Talmud (a lei escrita e falada) e do Halachah. O Neturei Karta continua nesta tradição. Eles continuam a reprovar o sionismo e a falar para o verdadeiro povo judeu, aqueles que não foram desviados pelo sionismo.


Durante a conquista romana da Terra Santa, havia judeus que, com base no nacionalismo e no orgulho racial, estavam certos de que não perderiam a guerra. Como os sionistas de nossos dias, eles se opuseram a qualquer acordo e estavam determinados a lutar até o fim. Naquela época, no entanto, há quase dois mil anos atrás, rabinos como Yochanan ben Sakkai, escolheram um caminho diferente. Os embates militares impediram-no de deixar Jerusalém sitiada para ir negociar com os romanos, assim o próprio rabino saiu num caixão levado por seus discípulos até os quartéis romanos. Ele disse aos romanos que os judeus não necessitavam de exército ou armas e pediu permissão para criar uma yeshiva, uma escola religiosa judaica, emYavneh. Foi esta escola religiosa, e não os militares ou generais daquele tempo, que ajudaram a perpetuar o judaísmo e a identidade do povo judeu.


Deve ser dito explicitamente que, da mesma forma que nem todos os judeus são sionistas, nem todos os sionistas são judeus. Os motivos por que alguns desses sionistas não judeus, como por exemplo, Lord Balfour e o General Smuts, estão abertos à discussão. Desde o começo do movimento sionista, alguns dos mais articulados e ardorosos sionistas foram pastores cristãos, principalmente os "fundamentalistas", que saudaram o sionismo como um importante movimento "religioso" e o receberam como o cumprimento da profecia. Eles também, e de forma significativa, serviram à causa do sionismo.


Um dos objetivos básicos do sionismo é aliyah, a imigração de judeus de todas as partes do mundo para o estado sionista. Não obstante, há poucos anos atrás, centenas de milhares de israelenses se retiraram do paraíso sionista e os judeus americanos "votaram com os pés" e escolheram não se juntarem lá. Esses judeus reconhecem que o estado sionista nada mais é do que um imenso gueto.


Ao invés de prestarem assistência às comunidades judaicas de outros países, os judeus americanos mobilizaram-se para se concentrar na ajuda ao estado sionista, transformando os Estados Unidos na maior fonte de poder e influència dos sionistas. Os sionistas, fiéis à natureza de seu movimento, contam com superioridade técnica e poder militar - fornecidos em grande parte pelos Estados Unidos - para a sua segurança.


Nada poderia estar mais distante dos verdadeiros ideais do povo judeu. O povo judeu foi escolhido em primeiro lugar "porque vós sois os líderes de todas as nações". Conforme dizem os Salmos, " eles contam com veículos e cavalo-vapor, mas nós invocamos o nome do Eterno, nosso Deus."


Merece menção uma das questões mais importantes. Um ex-presidente da Organização Sionista Mundial declarou explicitamente que um sionista deve lealdade inapelável ao estado sionista e que, em caso de um conflito, a primeira lealdade de um sionista deve ser para com o estado sionista. De acordo com a lei judaica, no entanto, um judeu deve obediência e lealdade ao país do qual ele é um cidadão e, claro, nenhum judeu fiel deve lealdade ou obediência ao estado sionista que tenha sido condenado pelo mais ilustre dos rabinos de nossa época.


Não é meu propósito detalhar como o sionismo deve ser tratado. Quero declarar, no entanto, que atos isolados ou espontâneos contra indivíduos ou a simples adoção de resoluções da ONU ou quaisquer outras não produzem os meios efetivos para pôr um fim ao sionismo. Quero declarar também que a batalha contra o sionismo precisa ser feita primeiro, não no litoral do Mediterrâneo, mas no mais poderoso bastião do sionismo - nos Estados Unidos.


Como cidadão americano, deploro que nosso governo e nossos políticos tenham adotado uma atitude que está em total contradição com o conselho do pai de nosso país, George Washington. O governo de Washington abraçou o sionismo tão devotadamente que qualquer crítica ao estado sionista ou qualquer oposição ao sionismo político nos Estados Unidos tornou-se uma ofensa passível de punição. E a dócil mídia americana não ousa falar contra tal absurdo.


Infelizmente, a cada ano vemos os sionistas americanos ganharem mais influência. Este fato tornou possível eventos e progressos que seriam impensáveis há dez anos atrás. É preciso muita coragem para opor-se ao sionismo nos Estados Unidos hoje em dia. Também precisou muita coragem ser anti-fascista na Itália, ou anti-nazista na Alemanha, durante a II Guerra Mundial. No geral, o sionismo nada mais é do que uma aberração na longa história do povo judeu e do mundo.


Tenhamos fé e esperança na certeza de que finalmente o preconceito, o ódio e a injustiça desaparecerão e que a profecia tornar-se-á realidade, a de que todas as nações do mundo participarão da peregrinação a Jerusalém, "porque Minha casa será chamada de casa de oração por todas as nações."