18 de jun. de 2007

Evasão só aumenta

Rede estadual perdeu 1.205 professores efetivados este ano

Denise Oliveira e Maria Luísa

Rio - De janeiro a junho deste ano, a rede estadual de ensino perdeu 1.205 professores efetivados. O número se aproxima dos 1.250 contratos temporários necessários para suprir carência de docentes nas turmas de 1ª a 4ª séries, há 126 dias sem aulas. O levantamento sobre a evasão de professores foi feito pelo Uppes — Sindicato dos Professores Públicos do Estado. “O déficit de professores nas escolas estaduais aumenta cada vez mais”, afirma a presidente do Uppes, Therezinha Machado.

Segundo o levantamento, a rede de ensino perdeu 760 professores por aposentadoria; 176 que foram readaptados (fora de função por problemas excepcionais); 245 exonerados a pedido, 25 exonerados de ofício (retirados da função) e 39 demitidos.

O Uppes planeja encaminhar ao Ministério Público, documento elaborado por professores que pedem providências do governo em relação a baixos salários; alunos sem aula; cumprimento da data-base e concursos.

Está previsto para hoje a entrada em sala de aula de 1.250 professores temporários de 1ª a 4ª séries selecionados na semana passada. Segundo a Secretaria Estadual de Educação, foram mais de 5 mil inscritos. A subsecretária de Gestão, Lucia Venina, disse que há um banco de recursos humanos de docentes II e as coordenadorias têm autonomia para convocar outros classificados, no caso de algum professor não comparecer às escolas hoje.

Sem previsão de concursos

A falta de professores de 1ª a 4ª séries deixou 37.500 alunos sem aulas por 126 dias este ano. Segundo a Secretaria Estadual de Educação, não é possível realizar concursos para essas séries, devido à Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que prevê a municipalização do 1º segmento do Ensino Fundamental até 2015.

O número de alunos nessa esfera ainda é grande. Segundo dados do Inep, órgão do Ministério da Educação, em 2006, a rede estadual tinha 154.978 matrículas de 1ª a 4ª séries. O deputado Alessandro Molon tenta derrubar a municipalização no Ministério Público Federal. “Não pode haver a proibição do estado de oferecer o ensino, se os municípios não têm condições de absorver os alunos”, argumentou.

Em Niterói, as matrículas estaduais no segmento superavam as da rede municipal em 2006. Dos 35.224 alunos, 13.002 eram do estado. A rede municipal tinha 11.439 estudantes.

“Nunca consegui vaga no município. A gente sabe que vai ser difícil passar as escolas para a rede de Niterói. E também não consigo mais trabalhar no estado”, lamentou Aline Vargas, que desde 2003 lecionava no Ciep Djanira e este ano não pode se candidatar para a seleção de temporários.

JORNAL O DIA

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