5 de ago. de 2010

PSTU FAZ FRENTE ELEITORAL COM MTL EM GOIÁIS E APOIA HELOISA HELENA EM ALAGOAS!

Por Liga Bolchevique Internacionalista


Se o PSTU de Alagoas está apoiando Heloísa Helena "apenas" informalmente, o que em si já é um escândalo, conformou em Goiás uma frente eleitoral com o MTL, o mais aguerrido defensor de que o PSOL apoiasse Marina Silva. Lá, a aliança foi concretizada como manda o figurino: registro no TRE, programa de colaboração de classes...


O PSTU acaba de lançar uma edição especial do Opinião Socialista (n. 408) sobre as eleições. A capa do jornal anuncia pomposamente "Um programa socialista para o Brasil". O editorial noticia que o partido realizou um seminário nacional. Neste "em dezoito mesas diferentes, abarcando distintos temas do programa, se discutiu como apresentar as bandeiras socialistas para o Brasil".

Percorrendo criteriosamente as 24 páginas da publicação não temos uma única referência ao PSOL, qualquer polêmica ou crítica a esse partido. No ponto que aborda a candidatura burguesa de Marina Silva, nenhuma linha sobre a tentativa do PSOL, orquestrada naquele momento pelo bloco Heloísa Helena, MES, MTL e pela própria APS, de apoiar o chamado "neoliberalismo verde".

Quando adentramos no quadro das candidaturas lançadas pelo PSTU nos estados nota-se que em Alagoas não há candidato ao governo. A mesma "informação" - o silêncio sepulcral - está no sítio de Zé Maria. Já a imprensa burguesa foi mais "alcoviteira" nas informações. Anuncia um apoio informal a Heloísa Helena: "O PSTU, representante da ala mais radical da esquerda brasileira, anunciou ontem que não lançará candidatos este ano em Alagoas. Segundo o sindicalista Manoel de Assis, presidente da legenda no Estado, a participação do partido na disputa eleitoral de 2010 se resumirá a um possível apoio ao PSOL ou uma tímida aliança com o PCB. 'Chegamos a conclusão que não temos condições de lançar candidatos. Nacionalmente, estamos na luta junto com o companheiro Zé Maria, mas aqui em Alagoas não lançaremos nenhum candidato. Nem na majoritária, nem na proporcional. Estamos apenas discutindo um apoio ao PSOL e vamos conversar com o PCB', afirma Assis" (Tribuna Independente, 25/03/2010 - http://www.tribuna-al.com.br/read_news.asp?id=2772.

Se o PSTU de Alagoas está apoiando Heloísa Helena "apenas" informalmente, o que em si já é um escândalo, conformou em Goiás uma frente eleitoral com o MTL, o mais aguerrido defensor de que o PSOL apoiasse Marina Silva. Lá, a aliança foi concretizada como manda o figurino: registro no TRE, programa de colaboração de classes... Apesar do jornal do PSTU "especial sobre as eleições" se limitar a anunciar Rubens Donizetti como candidato a senador naquele estado, como se desejasse esconder algo, o blog do candidato do PSOL em Goiás, Washington Fraga, revela literalmente com todas as letras o caráter "republicano", leia-se, burguês, dessa aliança: "Em nome dos direitos humanos, é preciso ainda condenar a violência policial. Humanizar as polícias militar e civil em Goiás. Com um programa republicano e de defesa do serviço público, valorizaremos o funcionalismo estadual. Contra o latifúndio, o nosso projeto prevê investimentos na agricultura familiar. Apoio aos sem-terras e sem-teto, transporte decente de qualidade, universalização da moradia também constituem bandeiras da coligação Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Com uma plataforma ética, contemporânea, republicana, democrática e socialista queremos dialogar com a sociedade civil. Em Goiás. No Brasil, ao lado de Plínio Arruda Sampaio, um dos ícones em defesa da reforma agrária e por um País mais justo e menos desigual. Afinal, construir um novo amanhã é possível. Avançaremos para atender as reivindicações econômicas, sociais, políticas e culturais. Esse é o nosso compromisso programático. Não é apenas uma promessa de palanque eleitoral. Sonhos, acredite neles. Goiás para você, não para eles" ( http://washingtonfraga.blogspot.com/.).


Para nós da LBI não há grande surpresa que o "ortodoxo" PSTU, que alega ter rompido a frente de esquerda nacionalmente por apego ao "programa socialista", se alie com o PSOL em Goiás, controlado por Martiniano Cavalcante e apóie Heloísa Helena em Alagoas, justamente aqueles que defendem o apoio a Marina Silva (PV) e o financiamento de suas campanhas eleitorais pelos empresários. Mas a militância do PSTU deve fazer um balanço dessa política desmoralizante de sua direção. Deve saber que a frente PSOL-PSTU "Goiás para você, não para eles" alarida pérolas reacionárias como "humanizar a polícia" e reivindica tal qual fazem todos os candidatos burgueses charlatões um "país mais justo e menos desigual". Obviamente não há uma linha sequer sobre a necessidade da revolução proletária e da expropriação da burguesia, afinal de contas a frente se apresenta como paladina de uma "plataforma ética, contemporânea, republicana, democrática e socialista para dialogar com a sociedade civil", como, aliás, adora anunciar pelos quatro cantos Heloísa Helena.

DIGA-ME COM QUEM ANDAS QUE TE DIREIS QUEM ÉS...

A plataforma apresentada pela frente PSOL-PSTU em Goiás é, sem sombra de dúvidas um "um programa nos marcos do capitalismo". O MTL é coerente, como reconhece o próprio PSTU.

Quando Martiniano Cavalcante era pré-candidato do PSOL à presidência, depois do PV recusar a aliança com o PSOL optando pelo demo-tucanos no Rio de Janeiro, lançou um manifesto de campanha. Na época, há poucos meses, fevereiro de 2010, o dirigente do PSTU, Eduardo Almeida, publicou um texto de polêmica intitulado "O debate sobre as pré-candidaturas do PSOL - Fracassada a coligação com o Partido Verde e Marina Silva, o PSOL decide sobre uma candidatura própria". Um dos tópicos do artigo era aberto com a seguinte frase "Um programa nos marcos do capitalismo" e afirmava corretamente: "Na formulação do programa para a campanha, Martiniano afirma que 'a síntese desta compreensão política é o programa de campanha. Ele não pode ser uma plataforma de caráter diretamente socialista por pura impossibilidade das condições concretas'. Obviamente, não vivemos um ascenso revolucionário no Brasil. Isso é aproveitado por correntes reformistas como o MES e MTL para defenderem programas de desenvolvimento no marco do capitalismo... Depois, Martiniano acrescenta: 'a correlação de forças não nos permite apresentar propostas gerais de estatização de setores econômicos, sejam da indústria ou dos serviços como educação e saúde'. Ou seja, não se pode defender a estatização nem dos bancos. Não se pode sequer propor uma educação e saúde estatais por causa da correlação de forças" .

Para fechar com chave de ouro a crítica ao MTL, Eduardo Almeida denuncia que "Martiniano defende a continuidade da política desastrosa do PSOL" e arremata: "O manifesto de Martiniano coerentemente afirma que 'é preciso avançar muito, mas avançar na direção de aperfeiçoar os acertos políticos gerais que marcaram a fisionomia do PSOL desde a sua fundação até aqui'. Em outras palavras, é a reivindicação aberta dos rumos atuais do PSOL, do financiamento da Gerdau, da tentativa de acordo com Marina. É a defesa dos passos já seguidos pelo PT, que deu no que deu".

Pois é, deu no que deu e agora o PSTU está aliado ao MTL!!! Já no Conclat, quando essas correntes selaram um acordo sindical, a LBI alertou: "Não sabemos exatamente os detalhes do acordo podre de bastidores selado pela direção do PSTU e MTL, mas sabemos perfeitamente que está baseado, como vimos no Conclat, em uma enorme concessão do PSTU no campo do programa e na acomodação burocrática de aparatos completamente distantes das necessidades da luta direta dos trabalhadores. Foi uma negociação tanto no campo sindical, privilegiando a representação do MTL, membro da ala direita do PSOL, na direção da "nova central", como no próprio campo eleitoral e partidário, um acerto intraburocrático que mais cedo do que tarde virá a tona em toda sua plenitude" (Jornal Luta Operária n. 195, 2ª Quinzena de Julho)

Mais cedo do que tarde veio à tona o acordo podre, a aliança entre PSTU e MTL no Conclat não era um episódio pontual, estava ancorada em um acordo bem mais amplo, cuja base programática era a frente eleitoral em Goiás. Aqui toda fraseologia principista e ortodoxa escrita pela direção do PSTU sobre a impossibilidade da frente de esquerda nacional com o PSOL cai por terra. Colocações aparentemente ortodoxas como "A aproximação do PSOL com o PV de Marina Silva e as diferenças sobre o programa a ser defendido inviabilizaram a Frente de Esquerda, que formamos em 2006" (sítio da candidatura Zé Maria, 10/06/2010) não tem o menor valor político frente a esses fatos escandalosos!!!

O mais hilário é que o PSTU chegou a afirmar que "O MES-MTL-Heloísa Helena, a corrente que sustentou Martiniano Cavalcante, defende também um programa reformista, em geral mais à direita que a APS. Não é por acaso que tanto o MES-MTL quanto a maioria da direção da APS concordaram com a tentativa de aliança com Marina. Além disso, o MES se aliou ao PV em Porto Alegre, e a APS promove a aliança com o PSB da família Capiberibe no Amapá" (Opinião Socialista nº 403, Divisão interna do PSOL e programa democrático-popular inviabilizam acordo em torno das eleições, Eduardo Almeida). Se o MTL tem um programa, segundo o PSTU, "mais à direita" que a APS porque foi justamente no estado de Goiás, onde o grupo de Martiniano tem força, inclusive indicando como candidato a senador da frente Elias Vaz, que vem justamente do PV de Marina Silva, que o PSTU se aliou ao PSOL? Como se vê, a negativa em fazer frente com a APS em São Paulo não se deu por divergências de princípios com o programa da corrente reformista comandada por Ivan Valente ou porque esta se aliou a Capibaribe no Amapá, afinal de contas, para o PSTU a APS está, em geral, mais à esquerda, que o MTL.

Os que posam de principistas se mostram na verdade profundos eleitoralistas. Lembremos que apesar de Heloísa Helena defender um programa clerical e reacionário, bem mais à direita do que o de Plínio de Arruda Sampaio, apesar de todas as afinidades "religiosas" entre ambos e por este motivo ser projetada pela mídia burguesa como a principal representante da esquerda radical brasileira, tanto em sua campanha presidencial de 2006 quanto diante de cada acontecimento da luta de classes posterior, até se recusar a reassumir a campanha majoritária pela "Frente de Esquerda", ela continuava como a candidata reivindicada por consenso para PSOL, PSTU e PCB. Só isto já seria o suficiente para jogar por terra todos os arroubos "ortodoxos" que o PSTU sacou da cartola, supostamente condicionando a reedição da Frente de Esquerda à adoção de um vago "programa socialista, que indique a ruptura com o capitalismo" pela candidatura Plínio. Na verdade, diante de um PSOL fragilizado e de um Plínio sem votos, o PSTU, que até antes da crise que dividiu o partido, pressionava pela vaga de vice, se viu forçado a manter a candidatura de José Maria de Almeida. É esse oportunismo e adaptação a uma política cada vez mais social-democrata e sindicalista vulgar que explicam porque o PSTU se aliou no Conclat justamente com os defensores da aliança burguesa com o PV e porta-vozes de um programa abertamente capitalista e agora estabelece uma frente eleitoral escandalosa com MTL em Goiás.


LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA 
 
 
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