12 de fev. de 2012

Reforma ou Revolução - Rosa Luxemburgo

Prefácio

A primeira vista, o título deste livro pode parecer surpreendente. Reforma social ou revolução? Pode, portanto, a social-democracla opor-se às reformas sociais? Ou pode Impor a revolução social, a subversão da ordem estabelecida, que é o seu objectivo social último? Evidentemente que não. Para a social-democracia lutar dia a dia, no interior do próprio sistema existente, pelas reformas, pela melhoria da situação dos trabalhadores, pelas Instituições democráticas, é o único processo de iniciar a luta da classe proletária e de se orientar para o seu objectivo final, quer dizer: trabalhar para conquistar o poder político e abolir o sistema salarial. Entre a reforma social e a revolução, a social-democracia vê um elo Indissolúvel: a luta pela reforma social é o meio, a revolução social o fim. 

Esses dois elementos fulcrais do movimento operário encontramo-los opostos, pela primeira vez, nas teses de Edouard Bernsteln, tal como foram expostos nos seus artigos sobre os problemas do socialismo, publicados no Neue Zeit em 1897-1898 ou ainda no seu livro Intitulado: Die Voraussetzungen des Sozialismus und die Aufgaben der Sozialdemokratie. Toda a sua teoria visa uma única coisa: conduzir-nos ao abandono do objectivo último da social-democracia, a revolução social e, inversamente, fazer da reforma social, simples meio da luta de classes, o seu fim último. O próprio Bernsteln exprimiu essas opIniões da maneira mais transparente e mais característica ao escrever: "O objectivo final, qualquer que seja, não é nada; o movImento é tudo". 

Ora, o objectivo final do socialismo é o único elemento decisivo na distinção do movimento socialista da democracia burguesa e do radicalIsmo burguês, o único elemento que, mais do que dar ao movimento operário a tarefa inútil de substituir o regime capitalista para o salvar, trava uma luta de classe contra esse regime, para o destruir; posto isto, a alternativa formulada por Bernstein; "reforma social ou revolução", corresponde para a social-democracia à questão: ser ou não ser . 

Na controvérsia entre Bernstein e os seus partidários, o que está em jogo – e no partido cada um deve ter consciência disso – não é este ou aquele método de luta, nem o emprego desta ou aquela táctica mas a própria exIstência do movimento socialIsta.

É duplamente Importante que os trabalhadores tenham consciência desse facto porque é precisamente deles que se trata, da sua influência no movimento e porque é a sua pele que aqui querem vender.

A corrente oportunista no Interior do partido encontrou, graças a Bernstein, a sua formulação teórica, que é unicamente uma tentativa inconsciente de assegurar a predominância dos elementos pequeno-burgueses, aderentes ao partido, e inflectir a prática transformando, no seu espírito, os objectivos do partido. 

A alternativa: reforma social ou revolução, objectivo final ou movimento é, sob outra capa, a alternativa entre o carácter do pequeno-burguês ou proletário do movimento operário. 

PRIMEIRA PARTE
SEGUNDA PARTE

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