1 de jul. de 2007

A Cerveja que Precisamos

Rio Incomparável

De janeiro a janeiro: lindo, sedutor e desafiador

O Rio de Janeiro é considerada uma das mais belas cidades do mundo e, assim como outras grandes metrópoles, têm um apelido carinhoso, o de Cidade Maravilhosa. Cantada várias vezes em verso e prosa por nossos compositores e poetas, a cidade não se cansa de inspirar novos artistas, sempre dispostos a mostrar em suas composições o orgulho de ser carioca.

O que é extraordinário, porém, é que recantos como o largo do Boticário e o Arco do Teles, onde viveu Carmem Miranda, são bastante conhecidos dos turistas e pouco visitados pelos cariocas. Esses, em sua maioria, só conhecem os bares, os restaurantes e as praias, e não sabem muito sobre os recantos históricos da cidade. Quando entrevistados, os cariocas culpam a correria imposta pela vida na cidade, afinal, a segunda maior do país, com seu segundo polo industrial. A maior parte dos habitantes do Rio de Janeiro não conhecem os pontos turísticos da cidade, porque encontram-se inseridos nas imensas oportunidades de lazer ela lhes oferece. Outra coisa que termina por afastar o carioca dos pontos turísticos é o fato de as atrações estarem sempre à disposição. É a velha história do adiamento: “Vou em outro dia, em outra oportunidade. O Cristo não vai mudar de lugar e nem a Baía da Guanabara vai secar”.


Beleza arquitetônica e natural

Segundo Helena Adnet, 37, operadora de turismo, a cidade ainda tem inúmeras opções de turismo e lazer para oferecer aos seus visitantes. Imagine uma cidade que tem tudo o que as outras têm, mas que é banhada por excelentes praias, além de conter em si a maior floresta urbana do mundo. “Aqui no Rio de Janeiro, a indústria do turismo direciona seus produtos para um público nem sempre local. A maioria dos pacotes turísticos são elaborados com olho no mercado internacional”, afirma Helena.

O carioca, o nativo e os que aqui vivem passa quase sempre desapercebido pelo centro da cidade e não repara, por exemplo, na beleza do conjunto arquitetônico dos casarões, prédios e sobrados dos séculos passados. E talvez não note a elegância dos edifícios da Biblioteca Nacional, do Teatro Municipal, da Câmara Municipal e do Museu de Belas Artes, na Cinelândia. O que parece descaso e falta de interesse cultural, na verdade, é apenas o reflexo desse povo simples e acostumado ao belo. “Para o turista, no entanto, essa visão é completamente diferente, ele quer saber quem construiu, por que, há quantos anos existem, quais são os estilos arquitetônicos. Por isso, o profissional de turismo precisa estar muito bem informado, para não sofrer embaraços diante do cliente”, garante Helena.

Segredos culturais da cidade

“Quantos cariocas você conhece que nunca fizeram um passeio turístico pela cidade?”, interfere Rosane Augusto, 50, Operadora de Turismo Individual. “Eu falo sério, quantas pessoas no Rio você conhece que não sabem onde fica o Parque das Ruínas, por exemplo?”, questiona Rosane. O parque é um belíssimo mirante localizado no bairro de Santa Teresa, de onde o turista pode ver a cidade a seus pés. O parque foi o que restou do palacete Murtinho Nobre, onde vivia a antiga socialite carioca, Laurinda Santos Lobo, que ali recebeu muitos artistas e intelectuais. Os salões da casa eram um palco muito procurado pelas pessoas que compunham a vida social dos anos 20. Reformado, foi reaberto para realização de eventos culturais e exposições de arte. No parque acontece também uma feira de artesanato onde são expostas e vendidas peças produzidas pela comunidade hippie e artistas do bairro de Santa Teresa. “Se você faz parte desse grupo de pessoas que não conhecem o parque, não espere mais para conhecer, aproveite o inverno e vá lá, beber um café no terceiro andar das ruínas, de onde se tem uma visão inesquecível do Pão de Açúcar e do Morro da Urca”, sugere Rosane.

A criatividade é uma característica marcante do brasileiro. O dias de sol e calor que caracterizam o Rio e proporcionam o ambiente, festa, cor, alegria e movimento de suas praias cheias, são às vezes intercalados por dias de chuva e cinza. Nesta hora, em que nem sempre o calor diminui, a imaginação do turista pode compensar a perda do sol com excelentes passeios por museus, teatros, com uma ida a um cineclube, aos bares. A ordem é não deixar cair o ritmo, é aproveitar a chance. Além disso, é certo que o sol e a cor voltarão. Ao lado do Palácio do Catete, exatamente na Rua do Catete, 179, o Museu do Folclore Edison Carneiro é uma dessas excelentes opções para um programa não só carioca, mas brasileiro em toda a sua extensão. O turista pode também, no Museu, comprar peças genuínas de artistas naïf de todas partes do Brasil. Um presente feito por um artista classificado pelo Museu, uma peça inédita, pode custar até três vezes mais barato do que se fosse comprado em uma loja de artesanato, porque os preços são dados pelo próprio artista e o Museu acrescenta uma taxa mínima a cada peça.

Novos roteiros, novas ondas

Sem deixar por menos, os profissionais de turismo buscam continuamente novos roteiros para atrair os turistas. Dentre estes, no Rio de Janeiro, o que tem feito grande sucesso ultimamente é um passeio de barco pela Baía da Guanabara em uma escuna típica, de onde se apreciam cartões postais como o Pão de Açúcar, Corcovado, Enseada de Botafogo, praia do Flamengo, Ilha Fiscal, terminando com a exploração de Niterói. O Museu de Arte Contemporânea tem sido incluído neste roteiro, seguido de jantar no restaurante Marius, com churrasco típico e opção de frutos do mar, tudo isso com uma maravilhosa vista da cidade do Rio. “Este passeio tem várias versões, sendo o mais animado o que é feito de saveiro”, diz Rosane. “O trajeto é praticamente o mesmo, porém direcionado ao público gay. O que para o público familiar, com crianças, é um divertido percurso pelo mar, para o grupo de gays, com a obrigatória adição de caipirinha e música eletrônica, torna-se ainda mais divertido e esfuziante.”, afirma a operadora de turismo.

Para uma excelente viagem de turismo ao Rio de Janeiro, que pode ser feita basicamente durante todo o ano, a grande dica, além de roupas leves e sapatos confortáveis, é saber aproveitar o calor. Aproveite para saborear a empada de camarão da Confeitaria Colombo, acompanhada do tão famoso quanto antigo refresco de groselha. Essas são também marcas do que o Rio tem de mais evidente: sua incomparabilidade.

Cresce o turismo individual

O deslocamento feito de forma inteligente, pela cidade do Rio, é um dos problemas para quem chega e não quer alugar um carro e sair de mapa em punho procurando os pontos turísticos. Como resolver isso? Os hotéis têm passeios programados aos pontos principais (Corcovado, Pão de Açúcar, Vista Chinesa, Barra da Tijuca, Arcos da Lapa, Teatro Municipal etc), mas esses passeios vão trazê-lo de volta ao hotel, e têm planejamento próprio. A solução é contratar os serviços de uma vã para o seu grupo de amigos. Existem pessoas que deixam cartões de visita nas recepções de hotel. Pedro Carvalho (tel. 9665-8404), 41 anos, é um exemplo. Seu carro é uma novíssima Boxer da Pegeaut, ele fala inglês e é carioca. Conhecendo o Rio com a palma da mão, pode levar o turista a todos os recantos e aproveitar idas e vindas para pequenos passeios adicionais. É só determinar com esse tipo de fornecedor de serviços o período de tempo disponível do grupo. “Gosto de surpreender as pessoas entrando em ruas e estradas desconhecidas, que, por exemplo, terminam na Floresta da Tijuca, ou que levam a vistas inesperadas”, diz Pedro. Como dizem os cariocas, “é só relaxar e aproveitar”. O preço é sempre bom para quem viaja em grupo, mas também razoável para quem está só ou apenas com o seu par.

José Jorge Cypriano da Cunha.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom.

Tomei a liberdade de republicar.