1 de nov. de 2011

Trabalhadores de sindicato dos metalúrgicos entram em greve contra a própria entidade

CASA DE FERREIRO 

Depois de organizar neste ano cerca de 35 greves e manifestações, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP) e região, que representa 45 mil trabalhadores, vive uma situação inusitada: entrou em greve. Não, a greve não é dos metalúrgicos, mas sim dos próprios funcionários do sindicato. Parte dos 60 trabalhadores da entidade decidiu cruzar os braços contra o que consideram uma atitude de desrespeito pela diretoria do sindicato: forçar a troca da data-base da categoria de setembro para novembro.

- Na verdade essa proposta de alteração da data-base apenas foi um estopim para a intransigência do sindicato. Eles não aceitam negociar ou discutir isso, e chegam com este pedido que já foi negado duas vezes em assembleia - afirmou Eliane Mendonça, da comissão dos trabalhadores.

Ela lembrou que o problema nem é o índice de reajuste proposto, de 10%, mas que são contrários à mudança da data-base por considerar que a situação ficará pior para os trabalhadores. Eliane lembra que, mesmo com a data-base no dia 1º de setembro, as negociações só começaram 56 dias depois. Se mudar para novembro, argumenta, o acordo não sairá antes do ano novo.

Ela afirmou que estranha a atitude da direção do sindicato - filiado à combativa Central Sindical e Popular ( CSP-Conlutas), entidade ligada ao PSTU - por sua postura. A representante dos trabalhadores diz ainda que os dirigentes da entidade chegaram a contratar novos funcionários para atuar na função dos grevistas, o que é proibido pela Constituição.

A versão da diretoria do sindicato é outra. Segundo Luiz Carlos Prates, conhecido como Mancha, secretário-geral da entidade, não está ocorrendo uma greve, mas sim um "boicote", que enfraquece as lutas sindicais. Ele afirma que apenas metade dos trabalhadores do sindicato aderiram ao movimento e que não contratou ninguém para as funções, mas que mantém o sindicato funcionando graças á atuação dos próprios dirigentes sindicais:

- A mudança da data-base é algo relevante, pois setembro também é a data-base dos metalúrgicos e precisamos estar focados. Além disso, em novembro o sindicato possui mais recursos em caixa - diz o dirigente, que espera que tudo acabe logo.

Essa manifestação ocorre enquanto o sindicato está em plena campanha salarial dos metalúrgicos do setor aeroespacial - a Embraer fica sediada na cidade - e na mesma semana em que a atuação do sindicato foi fundamental para que os vereadores de São José dos Campos voltassem atrás e trocassem um aumento salarial dos próprios salários de 50% para outro de 20%. Na cidade, o comentário geral é que, no caso da greve dentro do sindicato, vale a máxima: "em casa de ferreiro, espeto de pau".



FONTE:Globo em 29/10/2011


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