27 de out. de 2007

PROFESSOR: PROFISSÃO PERIGO

Maria de Fátima Franco dos Santos


Ser professor atualmente é viver correndo risco, seja quanto à violência existente dentro da escola ou em suas imediações. Tal violência ocorre quando alunos cometem vários tipos de crimes, como por exemplo, dano ao patrimônio através de pichações de mau gosto, lesão corporal, tráfico, constrangimento, ameaças e até mesmo homicídio. Tais crimes, são apenas alguns dos lamentáveis episódios que infelizmente estão fazendo parte do cotidiano escolar.

A rivalidade e a baixa tolerância existem não apenas entre os colegas de ‘escola’, mas também, contra a figura do professor, que em muitas vezes, se sente completamente impotente e desprotegido, por mais que os responsáveis pela administração das escolas tentam fazer, também eles, nem sempre dão conta e sucumbem à violência.

Agressão verbal do aluno ao professor, que até pode ser considerada como uma violência mais leve, já mostra o descaso que existe com o principal objetivo da escola, que é ‘educar’, complementar à educação familiar no que tange aos bons modos para o relacionamento entre as pessoas.

Professores são humilhados diante da classe, por alunos sádicos que fazem da sala de aula uma das ‘arenas’ em que atuam destrutivamente. Em muitos casos, a primeira demonstração de forças destes alunos é exatamente eleger como alvo o professor, intimidando-o e controlando-o através de ameaças das mais diversas possíveis.

Facções criminosas são objeto de apologia e admiração de alunos, como se fossem os melhores exemplos a serem seguidos. O poder, através da violência, da arma e da droga, nestes casos, está substituindo o espaço de saber e fraternidade que deveria existir nas instituições educacionais.

O estresse está avançando a cada dia, e de modo severo, entre os professores, também, num cenário de terror que toma conta de certos momentos em algumas escolas, só poderia ocasionar uma doença como esta, que pode até mesmo levar à morte quem dela padece.

Estranhamente, o trabalho do professor está se aproximando daquele desempenhado pelo policial, em termos de ser uma profissão de risco, aonde o perigo não é apenas uma fantasia, mas o cotidiano de muitos deles.

No passado, a carreira docente era motivo de orgulho para uma pessoa, hoje, é motivo de medo, em muitas escolas. É preciso mudar esta triste realidade a que são submetidos tantos educadores, ou futuramente, que país teremos?


MARIA DE FÁTIMA FRANCO DOS SANTOS

Professora do Curso de Psicologia da PUC-CAMPINAS

Colunista do Jornal Correio Popular, Campinas, SP

2 comentários:

edeugalho disse...

Dura realidade... Mas face à sociedade que aí está, não deveríamos nos assustar.
Pensemos primeiro no seguinte: Ensino Religioso na escola não pode, fere o direito de escolha de religião. Sociologia não pode, fere o poder político. Não passar de ano não pode, fere o orgulho de burros, digo, de alunos descompromissados.

Se então é de se assustar é não saber reconhecer as conseqüências do modo de vida que a sociedade impõe e todos a cumprem cegamente como sendo a melhor pra todos!

KAUTSCHER disse...

Cristiano.
Apesar de estar hospedado no "Estadão" vale a pena dar uma olhada neste blog.

http://blog.estadao.com.br/blog/renata/